PUBLICIDADE

Publicidade

Mercado Livre pode elevar fatia de vendedor estrangeiro na plataforma, diz líder da empresa no País

Segundo executivo, Remessa Conforme, do Ministério da Fazenda, não atende ao conceito de isonomia e traz vantagens para vendedores internacionais

Foto do author Talita Nascimento
Por Talita Nascimento

O líder da operação brasileira do Mercado Livre, Fernando Yunes, disse que a companhia pode aumentar a presença de vendedores estrangeiros caso o regime de tributação do comércio eletrônico siga favorecendo a importação de produtos por pessoas físicas.

Ele afirmou ser favorável à isonomia tributária entre fabricantes e vendedores nacionais e estrangeiros. Em sua visão, a isenção do imposto de importação para companhias internacionais que aderirem ao Remessa Conforme, programa do Ministério da Fazenda que visa regularizar o comércio digital, não atende a esse conceito isonômico e traz vantagens para vendedores internacionais.

Fernando Yunes diz que, por enquanto, foco é vendedor nacional  Foto: Isaac Fontana/EFE

PUBLICIDADE

Hoje, ao aderir ao programa, as empresas passam a pagar uma alíquota de 17% de ICMS, mas recebem isenção do imposto que incide sobre os produtos importados, de 60%. “Temos acompanhado que o imposto de importação deve evoluir ao longo dos meses, mas dificilmente volta aos 60%. Do jeito que está, apenas com ICMS de 17%, tem vantagem para o produto importado. Se houver vantagem, podemos começar a ter mais na plataforma”, disse Yunes.

O setor varejista moderou o discurso no último mês em relação ao tema. A princípio mais críticos, os empresários do setor passaram a comentar que o Remessa Conforme é um programa que ainda deve evoluir para uma cobrança de impostos que deixe as empresas que vendem importados pela internet e as nacionais em parâmetros mais igualitários. A expectativa é que essa evolução aconteça ainda no segundo semestre.

O Instituto para Desenvolvimento do Varejo (IDV) apresentou na última semana um estudo que indica que a carga tributária dos produtos de produção nacional varia de 67,95% a 142,98% sobre o valor destinado a remunerar os fatores de produção (parte do preço que remunera o setor primário, a indústria, o atacado/distribuição e o varejo).

Já em relação aos produtos importados vendidos no Brasil, a carga tributária varia de 63,75% a 118,11%. O estudo foi realizado em parceria com o Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT).

“Esperamos que, com o estudo, haja mudança na isenção de US$ 50 (para produtos importados comprados em plataformas digitais que aderiram ao Programa Remessa Conforme)”, disse o presidente do IDV, Jorge Gonçalves, na ocasião. O Estadão/Broadcast apurou que o estudo tem a intenção de dar munição ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, no processo de evolução do programa.

Publicidade

Yunes, do Mercado Livre, acrescentou ainda que, no México, a operação é composta de 15% de cross border, enquanto no Brasil, o número não é significativo hoje. “Aqui nosso foco é nos vendedores locais, nunca incentivamos o cross border”, afirmou.

Anúncios

O Mercado Livre anunciou ainda hoje que terá mais dois Centros de Distribuição (CD), um no Rio de Janeiro e outro no Recife. Com ambos, a companhia chega a 10 centros do tipo no País. O do Rio já está funcionando e o de Recife fica pronto em 2024. As notícias foram dadas durante o evento Mercado Livre Experience e que teve a presença do CEO da companhia, Marcos Galperín.

Ao todo, a companhia deve investir R$ 19 bilhões no País este ano, entre logística, tecnologia e marketing, mas a empresa não abre mais detalhes de como esse montante será aplicado. A plataforma ainda acrescentou um avião à sua frota, que passou de sete para oito aeronaves.

Ao mesmo tempo, o CEO da companhia, Marcos Galperín, anunciou o lançamento do Mercado Play, plataforma de conteúdo gratuito, antecipado pelo Estadão, monetizado por meio de publicidade. Além disso, a empresa anunciou um novo programa de fidelidade, chamado Meli+, que dá acesso ao Star+, Disney+ e frete grátis a partir de R$ 29, por uma assinatura de R$ 17,99.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.