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Juro futuro sobe com busca por novo ponto de equilíbrio

Avaliação diversa sobre atividade econômica entre BC e o mercado fez projeção do DI com vencimento em janeiro de 2012 chegar à taxa máxima de 11,42% 

Por Marcio Rodrigues e da Agência Estado
Atualização:

O mercado de juros futuros está em busca de um novo ponto de equilíbrio. Após o derretimento das taxas ontem, em reação ao surpreendente corte de 0,5 ponto porcentual na taxa Selic, hoje as projeções dos contratos futuros de depósito interfinanceiro (DI) exibiram forte alta. Além de o resultado do PIB do segundo trimestre não ter conseguido alinhar o pensamento do mercado ao do Banco Central em relação à proclamada desaceleração da atividade, operadores argumentam que a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) acabou com a ancoragem de expectativas, o que gera muita especulação e movimentos bruscos nos preços dos contratos futuros de DI. Nem mesmo o decepcionante dado do nível de emprego norte-americano pôs os agentes em concordância com o governo, uma vez que os indicadores dos EUA ainda se mostram difusos e não preconizam uma possibilidade maior de recessão, que hoje está em cerca de 30%.Assim, ao término da negociação normal na BM&F, a projeção do DI com vencimento em janeiro de 2012 (366.625 contratos negociados) ia para a taxa máxima de 11,42% ao ano, de 11,38% no ajuste de ontem. O vencimento de DI de janeiro de 2013 subia de 10,51% para 10,69% ao ano. O giro forte de 789.915 contratos foi atribuído ao fluxo grande de compra por parte da zeragem de um fundo. Entre os prazos longos, o DI de janeiro de 2017, com giro de 56.785 contratos, indicava taxa de 11,39%, de 11,09% no ajuste da véspera. O DI de janeiro de 2021 (6.515 contratos) estava em 11,40% ao ano, de 11,12% no ajuste de ontem.O PIB brasileiro cresceu 0,8% no segundo trimestre, ante uma expansão revisada para 1,20% no primeiro trimestre em relação ao quarto trimestre de 2010. O dado ficou dentro da previsão dos analistas consultados pelo AE Projeções. O sócio da consultoria Brazil Funding, Wilber Colmerauer, avaliou que não existem hoje dados para concluir que a economia brasileira sofrerá forte abalo de uma possível recessão externa. Ele também não vê justificativa para a decisão do Copom sobre a Selic, pois acredita que as autoridades no exterior farão "o impossível" para evitar uma nova recessão global. No pior cenário, Colmerauer prevê uma situação de longa estagnação, como a vivida pelo Japão. "Não vai ser o fim do mundo".O governo tratou de se defender. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou que a percepção dentro do governo é de que a crise econômica é deflacionária, justificando a queda de juros. "O presidente do Banco Central é especialista nisso e teme a deflação", afirmou o ministro. Alexandre Tombini, por sinal, afirmou que os números do PIB no segundo trimestre de 2011 confirmam que "a economia brasileira se encontra em um ciclo sustentado de expansão". Para ele, essa velocidade está "em ritmo mais condizente com o equilíbrio interno e externo e consistente com o cenário de convergência da inflação para a meta em 2012".

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