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Um dia antes de delação vazar, JBS foi a 2ª maior compradora de dólar do País, diz PF

Para delegado, os irmãos Batista estavam conscientes do 'potencial lesivo' de sua delação para o mercado financeiro

Um dia antes da delação da JBS vazar, a empresa comandada pelos irmãos Batista foi a segunda maior compradora de dólar no Brasil, permitindo aos empresários embolsar lucros milionários. Essa é o teor da investigação apresentada pelo delegado da Polícia Federal, Rodrigo Costa, que explicou em entrevista à imprensa a prisão preventiva de Wesley Batista nesta quarta-feira, 13, pela manhã. Também foi decretada a prisão do irmão do empresário, Joesley Batista, que já está em detenção preventiva a pedido do procurador-geral Rodrigo Janot.

Para delegado, os Joesley e Wesley Batista (foto) estavam conscientes do 'potencial lesivo' de sua delação para o mercado financeiro Foto: Werther Santana/Estadão

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O delegado disse que os irmãos Batista estavam conscientes do "potencial lesivo" que o conteúdo das informações que eles detinham na delação poderia causa no país e no mercado financeiro. Com isso, uma das estratégias foi operar no mercado de câmbio, comprando contratos futuros de dólar antes da delação vir a público. "Foi uma movimentação absolutamente atípica", disse ele, falando dos valores movimentados antes da delação ser noticiada.

Com o vazamento da delação, o dólar disparou 9% no dia seguinte. "Um dia antes da delação, em 17 de maio, a JBS fica em segundo lugar na compra de dólares, coisa que nunca aconteceu na história da empresa", disse Costa, ressaltando que apenas neste dia eles negociaram US$ 474 milhões com a moeda cotada a R$ 3,11. Segundo nota do Ministério Público Federal, somente as operações em dólares somaram R$ 3 bilhões, rendendo lucro aos irmãos batista de US$ 100 milhões. Esta é a mesma quantia da multa prevista na delação no processo criminal, de US$ 110 milhões.

"Eles efetivamente trabalhavam com a perspectiva do conhecimento público da delação", disse Costa. O delegado da PF ressaltou que se não houvesse o vazamento das informações e se a delação não tivesse ficado pública, o dólar dificilmente subiria o que subiu, quando superou os R$ 3,40.

Ao fazer essas operações no mercado financeiro, Costa ressalta que os donos da JBS descumpriram o acordo da delação, omitiram informações e demonstraram o perfil criminoso deles, além de abalar o mercado financeiro.

Segundo os delegados, a investigação desta operação não tem relação com o caso dos irmão no âmbito do Supremo Tribunal Federal (STF), onde foi decretada a prisão temporária de Joesley Batista no último final de semana. Segundo Costa, quando acabar o prazo desta prisão, o empresário deve ser transferido para São Paulo, onde foi preso hoje Wesley.

"Foi evitado prejuízo de milhões de reais com a venda de ações e foi auferido lucro de milhões de reais com os contratos de derivativos", disse o delegado Victor Hugo, ressaltando que a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) deve concluir relatório nas próximas semanas especificando estes valores.

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As residências dois irmãos foram revistadas hoje pela PF, mas não houve apreensão de material, segundo os delegados.

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