Publicidade

Mesmo com explosão de casos, Guedes diz que Brasil está na 'cauda' da pandemia

'Se vem a segunda onda' da pandemia, o País vacinará em massa, disse Guedes; Brasil bateu recorde de mortes por covid-19 nesta terça-feira, 2

Por Idiana Tomazelli e Anne Warth
Atualização:

BRASÍLIA - No dia em que o Brasil registrou novo recorde de mortes por covid-19 em um dia, o ministro da Economia, Paulo Guedes, voltou a dizer que o País está na “cauda” da pandemia, um jargão que define a parte mais baixa e achatada de um gráfico. Ele ressaltou que o governo apoia a nova rodada do auxílio emergencial para vulneráveis, mas defendeu a aprovação de medidas de ajuste fiscal para garantir a sustentabilidade nas contas.

PUBLICIDADE

Nesta terça-feira, 2, o País contabilizou 1.726 óbitos, maior número desde o início da pandemia. A média móvel de mortes pela covid-19 ficou em 1.274 e, pelo quarto dia consecutivo, também bateu recorde. De acordo com o consórcio de veículos de imprensa, o Brasil somou 58.237 novos casos da doença em 24 horas.

“Se vem a segunda onda” da pandemia de covid-19, o País vacinará em massa, disse Guedes em entrevista à Jovem Pan. Ele reconheceu que não houve nenhum outro acontecimento na mesma dimensão trágica da pandemia, mas ressaltou que “economia e saúde estão juntas”. 

O ministro da Economia, Paulo Guedes. Foto: Dida Sampaio/Estadão

“Não tivemos guerra que matasse gente assim, não tivemos nada com potência, mortalidade e dimensão trágica dessa doença. Mas (o brasileiro) é um povo resiliente, forte, que conseguiu frustrar todas as expectativas de fora de que ia cair 10% (atividade econômica). Não somos assim. Somos fortes, somos resilientes, temos coragem, enfrentamos de frente os nossos problemas. E se vem a segunda onda, vamos vacinar em massa para sair dessa segunda onda. Porque economia e saúde estão juntas”, afirmou. 

Segundo o ministro, “infelizmente” o País foi bombardeado pela doença. “Saímos das reformas e fomos para medidas emergenciais”, disse.

“Você pode dar o auxílio emergencial, nós estamos afinal de contas na cauda de uma pandemia que já aconteceu no ano passado, e o sacrifício já foi feito, congelamos dois anos de salários do funcionalismo. Mas sempre com essa ideia de ter um protocolo para crises futuras”, disse Guedes durante a entrevista, concedida ao lado do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL).

“A questão é como combinar o auxílio, o compromisso com saúde dos brasileiros, sem tocar fogo no País”, afirmou o ministro, citando o risco de disparada de inflação em caso de aprovação da nova rodada do benefício sem contrapartidas. Ele citou o caso argentino como um risco para o Brasil e destacou a necessidade de ter um protocolo fiscal permanente para casos emergenciais, como a pandemia. “A Argentina está com dívida de 90% do PIB e juro de 40%, pois perdeu a âncora fiscal”, disse.

Publicidade

Para Guedes, a “ação política” é o que vai garantir a proteção da população e não a “falsa proteção da indexação”, em referência à regra que garante aumentos automáticos. Ele ainda fez comentários elogiosos a Lira, quem, segundo o ministro, “percebeu a força da desvinculação” de recursos. “Essa é essência da democracia”, afirmou.

O ministro da Economia disse que o governo ainda não disparou o auxílio emergencial porque precisa da aprovação da PEC emergencial, que estabelecerá protocolos de contenção de despesas para fazer frente aos gastos urgentes. Em tom elogioso aos presidentes da Câmara e do SenadoRodrigo Pacheco (DEM-MG), Guedes disse ainda que os dois “deram demonstração extraordinária de cooperação com independência”. 

“Temos que disparar essa PEC de Guerra (em referência à PEC emergencial), mas dentro do protocolo de crise preparado antes”, disse. O ministro citou a vacinação em massa e retomada das reformas e disse que o governo vai destravar a pauta de “saúde, emprego e renda”. “Há perfeito alinhamento, não há mais bloqueio de pauta (no Congresso). A pauta (no Congresso) estava obstruída por acordo de centro-esquerda”, disse. 

Guedes citou ainda estimativas do ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, citadas em reunião no domingo para a vacinação em massa. Segundo ele, a expectativa é vacinar 25 milhões em 30 dias, talvez 40 milhões em 60 dias.

“Vamos envolver setor privado para ajudar na vacinação. Ao mesmo tempo, destravamos reformas num contexto de responsabilidade fiscal”, disse.