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Minha Casa, Minha Vida atrai incorporadoras pequenas e médias, e concorrência tende a crescer

Muitas empresas que haviam pisado no freio nos anos anteriores agora estão aproveitando as condições mais vantajosas para voltar a crescer

Foto do author Circe Bonatelli
Por Circe Bonatelli (Broadcast)
Atualização:

Os lançamentos e as vendas de imóveis dentro do Minha Casa, Minha Vida (MCMV) estão ganhando tração depois que as novas regras do programa entraram em vigor em julho. Muitas incorporadoras de pequeno e médio porte que haviam pisado no freio nos anos anteriores agora estão aproveitando as condições mais vantajosas para voltar a crescer, com mais lançamentos e diversificação de localidades. O quadro indica uma competição maior nos próximos meses, podendo até mesmo gerar escassez de mão de obra qualificada, de acordo com empresários do setor.

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“A participação do Minha Casa Minha Vida nas vendas totais tende a crescer significativamente a partir do quarto trimestre de 2023 e do primeiro trimestre de 2024″, disse o responsável pela pesquisa de mercado imobiliário da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), Celso Petrucci.

A construtora familiar Cavazani, de Guarulhos, está pisando no acelerador. Em 2023, os empreendimentos lançados totalizaram 1,2 mil apartamentos. Agora em janeiro, vai lançar um único projeto com 2,4 mil moradias, praticamente dobrando o tamanho da empresa. O projeto fica perto do Parque Edu Chaves, na divisa com São Paulo, e será desenvolvido em fases. Os apartamentos terão cerca de 43 metros quadrados e preços a partir de R$ 260 mil.

“O reajuste no programa MCMV foi um fomento impressionante para essa categoria de imóveis econômicos, e nós estamos surfando essa onda”, afirmou a copresidente da construtora, Cecilia Reia Cavazani. Os planos da empresa - que tem o marido e a sogra como sócios - incluem ampliar os projetos pela região metropolitana, chegando em breve a São Bernardo do Campo e a Santo André, por exemplo. Já a cidade de São Paulo ficará de fora dos planos porque os sócios consideraram a disputa na cidade muito elevada.

Programa deve ter uma competição maior nos próximos meses, podendo até mesmo gerar escassez de mão de obra qualificada, de acordo com empresários do setor. Foto: Sergio Castro/Estadão

“Não devemos entrar em São Paulo porque a concorrência é muito forte com as empresas de porte muito grande e escala. Nós tínhamos um terreno bom em Pirituba, mas declinamos de investir por causa do projeto da MRV”, contou a empresária.

O projeto a que Cecília se refere é, simplesmente, o maior já realizada pela MRV. A incorporadora deu largada, em novembro, ao empreendimento Cidade Sete Sóis, que terá 11 mil apartamentos espalhados por mais de 65 condomínios de prédios a serem erguidos nos próximos dez anos em Pirituba. O investimento total será de R$ 2 bilhões e simboliza uma renovação da aposta da MRV no MCMV no longo prazo, uma vez que 80% dos apartamentos serão enquadrados no programa.

“O ‘Minha Casa’ está perto de completar 15 anos. Nós confiamos na sustentabilidade do programa no longo prazo”, disse o copresidente da MRV, Eduardo Fischer, em entrevista recente. A incorporadora MagikLZ, que tem a Cyrela como parceira de projetos, também pretende ampliar os lançamentos nos próximos meses. O valor total dos projetos deve passar de R$ 1 bilhão em 2023 para R$ 1,2 bilhão em 2024, sendo que metade disso estará dentro do programa habitacional. “O MCMV é a bola da vez. Estamos com mais apetite”, disse o sócio da empresa, Ricardo Zylberman.

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Diante do reaquecimento do mercado, a potencial falta de mão de obra qualificada é um dos pontos que merecem ser acompanhados, alertou o presidente do Sindicato da Habitação (Secovi-SP), Ely Wertheim. “Existe pressão por contratação e qualificação de mão de obra em São Paulo. Esse é um problema sério”, afirmou, citando o reaquecimento do mercado imobiliário, bem como o maior volume de obras de infraestrutura. Ele lembrou ainda que o nível de desemprego no Brasil é baixo, então, também há poucas pessoas disponíveis para serem atraídas para o setor da construção.

Programa voltou a ganhar viabilidade

As empresas que atuam no MCMV sofreram entre 2021 e 2022 com os aumento nos custos dos materiais, que inviabilizaram novos projetos. Isso só foi pacificado na metade de 2023, com as novas regras que ampliaram os subsídios para a compra dos imóveis, cortaram os juros e subiram os tetos de preços para R$ 350 mil no País todo.

“As mudanças no programa foram fundamentais. Nos últimos anos, tivemos uma alta de custos muito forte. Se não fizessem os ajustes, as empresas teriam dificuldade de se acomodar. Agora estamos muito mais animados com as perspectivas para 2024″, contou Pedro Donadon, presidente da ADN, uma das maiores incorporadoras do segmento econômico do interior paulista. Para 2024, a expectativa é de bastante competição, segundo o empresário.

Construtora Pacaembu, que é do interior de São Paulo, já conta com terrenos no Triângulo Mineiro, Paraná e Mato Grosso. Foto: CELIO MESSIAS/ESTADAO

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A ADN dobrou os lançamentos em 2023, chegando a R$ 850 milhões. Daqui para frente, o plano é manter esse volume elevado de lançamentos e entrar em novas cidades. A incorporadora já atuava em São Carlos, Rio Claro e Araraquara. Em 2023 foi para Sorocaba e Campinas. As próximas serão Ribeirão Preto, Piracicaba e São José do Rio Preto.

A construtora Pacaembu, da família Almeida, também está ampliando os lançamentos e as vendas. A empresa é do interior de São Paulo e já conta com terrenos no Triângulo Mineiro, Paraná e Mato Grosso. Entre janeiro e setembro de 2023, os lançamentos do grupo somaram R$ 924 milhões, crescimento de 15,8% na comparação anual; enquanto as vendas líquidas chegaram a R$ 998 milhões, alta de 16,2%. “Sem dúvida nenhuma, as melhores condições do programa estão incentivando o retorno das empresas que se afastaram e outras que estão entrando. O mercado tende a se aquecer”, disse o presidente executivo do conselho da Pacaembu, Victor Almeida.

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