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A empresários, vice prega diálogo e pede ‘confiança’

Mourão faz discurso a cerca de 700 dirigentes reunidos pela Fiesp; Flávio Rocha, da Riachuelo, diz que governo tem de mudar ‘chip’

Foto do author Daniel  Weterman
Foto do author Pedro  Venceslau

Em discurso para uma plateia de cerca de 700 dirigentes empresariais ligados à Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), o vice-presidente Hamilton Mourão (PRTB) pregou nesta terça-feira, 26, “diálogo” e pediu “confiança” nos líderes do governo. Depois de ressaltar que sua presença na reunião atendia orientação do presidente Jair Bolsonaro, disse que o bom senso tem de “sobreviver”.

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“Temos de dialogar com eles (parlamentares) e não fugir ao diálogo. Vai levar pedrada? Vai, faz parte da vida política e todos aqui sabem muito bem que minha experiência política é baixíssima. Mas o bom senso tem de sobreviver nessas horas”, afirmou Mourão.

Sua fala teve como pano de fundo os confrontos dos últimos dias entre Bolsonaro e o Congresso em torno da reforma da Previdência. Os parlamentares cobram maior diálogo do governo para apoiar o projeto, enquanto o Planalto responde que não irá negociar com base na “velha política”, sem indicar uma alternativa. A reforma da Previdência é tida como essencial pelo setor empresarial como forma de equilibrar as contas do governo.

O vice-presidente da República, general Hamilton Mourão, em Brasília Foto: Ernesto Rodrigues/Estadão

Este não foi o único compromisso, na terça-feira, de Mourão com uma plateia formada por empresários. À noite, ele participou de um jantar oferecido pelo próprio presidente da Fiesp, Paulo Skaf, em sua residência, no bairro do Morumbi. A lista de convidados contou com nomes de peso do empresariado do País, como Flávio Rocha (Riachuelo), Josué Gomes (Coteminas), Fábio Coelho (Google) e David Fefer (Suzano). Do setor financeiro, estava, entre outros, Luiz Carlos Trabuco (Bradesco). Também participaram os ex-ministros Henrique Meirelles e Nelson Jobim.

Ao chegar ao jantar, Flávio Rocha, que é presidente do Conselho de Administração da Riachuelo, disse que o governo precisa trocar o “chip da campanha” pelo “de governar”. “É preciso trocar o chip da campanha, de acirramento, do inimigo comum, para o chip de governar e em torno de um propósito comum, e esse propósito maior é a nova Previdência”, disse ele.

O empresário avaliou que os atritos entre Bolsonaro e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), serviram como um “estremecimento” para alertar governo e Congresso sobre a urgência da reforma. Até a conclusão desta edição, o encontro não havia terminado.

A participação de Mourão em eventos com empresários e políticos já rendeu críticas de colegas do próprio governo, que veem no movimento do vice uma tentativa de esvaziar a influência de Bolsonaro e assumir um papel de protagonista no governo. Mourão já foi criticado, por exemplo, por Carlos Bolsonaro e também pelo escritor Olavo de Carvalho, considerado guru dos bolsonaristas, que chamou Mourão de “idiota”.

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Lotação

O evento com o vice-presidente seria realizado inicialmente em um auditório no 15.° andar da sede da Fiesp, na Avenida Paulista, com capacidade para 300 pessoas. Como a demanda foi maior que o esperado, o encontro teve de ser transferido para o Teatro do Sesi, no subsolo do prédio, onde cabem 450 pessoas sentadas. Quem não conseguiu entrar, pode acompanhar o discurso por um telão do lado de fora do teatro.

Em uma rápida declaração à imprensa antes da reunião na Fiesp, o vice-presidente disse que é preciso conduzir reformas que interessam ao País e declarou saber das “angústias e dúvidas” que estão sendo levantadas sobre a proposta do governo para o sistema de aposentadoria. Depois do evento, ele não deu mais entrevistas.