Um braço da Signa Prime Selection AG entrou com pedido de insolvência (incapacidade de pagar as dívidas) em um tribunal de Berlim na última sexta-feira, 24, segundo a revista alemã Der Spiegel, indicando que os esforços para salvar o conglomerado imobiliário e varejista estão falhando.
A Signa Real Estate Management Germany GmbH não conseguiu cumprir suas obrigações de pagamento, afirmou a revista alemã, citando um pedido apresentado pela companhia. A empresa é uma subsidiária integral da Signa Prime, que é uma das controladoras da loja de departamento Selfridges, em Londres, e da KaDeWe, em Berlim, sendo a maior divisão do grupo fundado pelo bilionário austríaco Rene Benko.
Uma insolvência completa da Signa Prime poderia vir como um choque para os mercados imobiliários europeus, já que a Signa Prime e a Signa Development, outra unidade da marca, avaliaram seus ativos em mais de € 23 bilhões (US$ 25 bilhões ou cerca de R$ 123 bi) no final de 2022. A Signa Real Estate Management atua como “provedora central de serviços dentro do Grupo SIGNA para o desenvolvimento e suporte de propriedades comerciais em locais privilegiados” na Alemanha, segundo um relatório anual.
Anteriormente, a Der Standard disse que a Signa poderia realizar uma reunião com os funcionários nesta terça-feira, 28, para informá-los sobre a insolvência e os próximos passos. Um porta-voz da Signa não respondeu a uma ligação em busca de comentários.
A Signa vem buscando dinheiro de investidores para cobrir uma lacuna de financiamento de € 500 milhões apenas neste ano e mais € 1,5 bilhão até meados de 2024. A empresa-mãe, Signa Holding, nomeou o especialista em reestruturação Arndt Geiwitz no início deste mês para liderar uma virada e resolver as tensões financeiras que paralisaram a construção de vários projetos.
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Essa não seria a primeira insolvência de uma empresa dentro do império de Benko. Geiwitz também esteve à frente dos procedimentos de insolvência na rede de lojas de departamento alemã Galeria, o que acabou custando cerca de € 590 milhões aos contribuintes devido à baixa contábil de empréstimos da época da pandemia de covid-19.
Uma insolvência mais ampla deixaria uma grande quantidade de investidores lutando para recuperar seu dinheiro. Os acionistas da Signa — os primeiros a sofrer perdas — incluem algumas das famílias mais ricas da Europa, incluindo o magnata da construção austríaco Hans Peter Haselsteiner e o magnata alemão de transporte Klaus-Michael Kuehne.
O Fundo de Investimento Público da Arábia Saudita possui uma posição de dívida júnior distribuída entre as empresas da Signa. Arini, o fundo de hedge de Londres fundado pelo ex-operador de crédito do Credit Suisse Hamza Lemssouguer, está entre os maiores detentores de um título de desenvolvimento da Signa de € 300 milhões, cotadas a € 0,27, de acordo com dados compilados pela Bloomberg.
A Signa Prime e a Signa Development tinham € 1,76 bilhão em passivos relacionados a direitos de participação nos lucros no final de 2022. Os credores bancários incluem uma ampla gama de credores austríacos, alemães e suíços./Bloomberg.