Em sua quarta tentativa de abrir capital e na véspera de realizar a operação, a Azul teve a oferta cancelada por 30 dias pela Superintendência de Registro de Valores Mobiliários (SRE) da Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

A decisão de suspender a oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) ocorreu após a constatação de que foi divulgado, na internet, material publicitário da abertura sem a aprovação da CVM. Segundo a legislação da autarquia, todo conteúdo usado por uma empresa para promover seu IPO tem de ter autorização prévia da própria CVM.
Uma apresentação do fundador e presidente do conselho de administração da Azul, David Neeleman, e do diretor financeiro da companhia, John Rodgerson, sobre números da empresa acompanhados por slides com gráficos foi veiculada no site Retail Roadshow.
Entenda como uma empresa entra na Bolsa
O chamado IPO é uma maneira usada pelas companhias para captar recursos e expandir seus negócios
No vídeo, que já não está mais disponível, havia projeções de valorização do investimento da Azul em ativos da companhia aérea portuguesa TAP. Essas informações não constavam no prospecto da oferta de ações, o que também viola as regras da CVM.
A Azul, ainda de acordo com a autarquia, também teria feito divulgação “excessiva” de informações de caráter sigiloso do IPO na imprensa. A CVM citou como exemplo informações publicadas na Coluna do Broad, do Estadão, no “Uol Economia” e no “Brazil Journal”.
Revogação. A suspensão pode ser cancelada se as irregularidades apontadas forem corrigidas no prazo de 30 dias. Caso contrário, a CVM pode indeferir o pedido de registro de oferta de ações.
A Azul estrearia na Bolsa nesta sexta-feira, 7. Momentos antes de a CVM suspender a operação, a demanda pelos papéis da empresa aérea chegava a ser quatro vezes maior que a oferta, com valor em R$ 21 - o centro da faixa indicativa de preço -, segundo fontes ouvidas pelo Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado.
De acordo com o prospecto preliminar do IPO, a empresa projeta levantar até R$ 2,23 bilhões com a operação. Em recursos líquidos, a estimativa é captar R$ 1,26 bilhão - R$ 315 milhões para o pagamento de dívida e o restante para “objetivos gerais da empresa”.
A Azul fracassou em suas três primeiras tentativas de abertura de capital, em 2013, 2014 e 2015. Nessas ocasiões, o processo foi cancelado em decorrência de condições desfavoráveis de mercado. Analistas, entretanto, veem o momento atual como mais propício.
Procurada, a empresa não se pronunciou sobre o assunto./COM REUTERS