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Decadência dá lugar a explosão de preços no Rio

Mercado de locação e venda de imóveis corporativos vive fase de aquecimento

Até pouco tempo abatida por uma lenta decadência econômica, a Cidade Maravilhosa vem consolidando nos últimos anos mais um título: o de dona do metro quadrado comercial mais caro das Américas. Com o real valorizado e sua geografia apertada entre montanha e mar, o Rio de Janeiro já tem áreas como o Centro e a zona sul onde abrir um escritório custa mais do que ocupar um pedacinho de chão na Avenida Paulista, em São Paulo, ou na disputada ilha de Manhatan, coração de Nova York.

 

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Abrir escritório na área pode custar até mais caro do que em Nova York e São Paulo (Foto: Tasso Marcelo/AE)

 

Levantamento feito pelo Sindicato das Empresas de Compra, Locação e Administração de Imóveis do Rio (Secovi-Rio) a pedido do Estado mostra que o preço do metro quadrado comercial para a venda nas cinco áreas mais procuradas da capital fluminense subiu, em média, 63,94% entre 2009 e o início deste ano. Já o preço para locação subiu 47,36% no mesmo período. Em Copacabana, na zona sul do Rio, os preços para a venda quase dobraram em dois anos, atingindo a média de R$ 6,6 mil o metro quadrado no mês passado.

Para o aluguel, o Centro registrou a maior alta: 70,7% de valorização desde 2009. Um escritório nessa região custa em média R$ 35,84 mensais por metro quadrado. Há dois anos, esse custo era de R$ 21. Já em Ipanema ou no Leblon, na zona sul, o metro quadrado para alugar já ultrapassou R$ 100, alta de quase 50% em dois anos.

Essas médias cobrem todo tipo de salas e andares comerciais do Rio, onde a taxa de vacância em áreas como Centro e zona sul cai a menos de 2%. A alta dos aluguéis de escritórios de alto padrão é ainda mais intensa, dada a baixa oferta desse tipo de imóvel na cidade. Uma pesquisa recente da consultoria imobiliária internacional Cushman & Wakefield posicionou o Rio na quarta posição no ranking das cidades mais caras para alugar um escritório.

Considerando IPTU e condomínio, a consultoria estimou em cerca de US$ 100 o custo mensal de um metro quadrado numa boa localização carioca, à frente de Nova York (US$ 60). O Rio só perde para Hong Kong (US$ 216), Londres (US$ 209) e Tóquio (US$ 149). O que parece um grande feito é, na verdade, a expressão de uma das deficiências da cidade para aproveitar ao máximo a atração econômica que está exercendo no País.

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Vitrine. Segundo a Federação das Indústrias do Rio (Firjan), o estado deve receber R$ 126,3 bilhões em investimentos públicos e privados nos próximos três anos. Principal vitrine da Copa do Mundo de 2014, cenário dos Jogos Olímpicos de 2016 e sede de empresas grande porte, a capital fluminense é o destino da maior parte desses recursos e está tentando se arrumar para acomodar os que chegam para fazer negócios.

Como boa parte desses investimentos tem relação com a exploração de petróleo, cujas perspectivas na costa fluminense foram multiplicadas pelas reservas do pré-sal, muitas empresas que chegam à cidade de olho nesse ramo querem se instalar no Centro, onde estão a Petrobrás e a Agência Nacional de Petróleo (ANP), além das sedes do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), da Eletrobrás, da Vale e de outras importantes empresas públicas e privadas.

Vice-presidente de Locações do Secovi-Rio, Antônio Monnerat, lembra ainda que o Centro atrai também pela infraestrutura de transportes público, com metrô, o Aeroporto Santos Dumont, além da fácil ligação com todas as regiões da cidade. O preço está subindo porque, embora bastante adensado, boa parte dos imóveis carece de modernização, com condomínios formados por muitos donos, o que dificulta a compra de incorporadores para retrofit. Além disso, faltam áreas para novos prédios. Cada espaço é disputado.

"O Rio é a bola da vez. Há uma demanda muito grande e o investimento está crescendo, mas ainda longe de atender a demanda. O Rio tem limitações topográficas que cidades como São Paulo não têm. Com isso, faltam terrenos", diz Monnerat. Ele conta que a especulação reduz ainda mais a oferta para locação. "Eu conheço proprietários que fecharam imóveis em bairros como o Leblon esperando valorizar um pouco mais para vender. Ainda há espaço para alta. Diferentemente de uma bolha, a demanda é real e ainda não há oferta para atender."

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