A Eve, subsidiária da Embraer que desenvolve o “carro voador”, estreou nesta terça-feira, 10, na Bolsa de Nova York com forte queda. Às 16h30, as ações da empresa caíam 19% e eram negociadas a US$ 8,48. A abertura de capital da Eve acontece após ela concluir o processo de fusão com a americana Zanite, uma Spac (companhia de propósito específico de aquisição, isto é, uma empresa que primeiro vai à Bolsa levantar recursos para, depois, encontrar um projeto no qual investir).
Antes de a fusão ser concluída, a Eve havia sido avaliada em US$ 2,4 bilhões e seus acionistas, injetado US$ 357 milhões no caixa da empresa. Desse total, 51,8% saiu da Embraer, 7% da Zanite e 41% de um consórcio formado por companhias como a fabricante de motores Rolls-Royce, as companhias aéreas SkyWest e Republic Airways, o Bradesco BBI, entre outras.
A estreia da Eve com queda na Bolsa segue um movimento que se observa já há alguns meses no segmento. Todas as empresas que desenvolvem eVTOLs ( sigla em inglês para veículo elétrico de pouso e decolagem vertical, como é chamado oficialmente o “carro voador”) e abriram capital registram desvalorização de seus papéis no mercado financeiro. Em média, o recuo foi de 57,5% (sem contabilizar a Eve).
Segundo analistas do mercado, as quedas se devem a um menor apetite ao risco dos investidores por empresas que ainda não registram lucro, apesar de terem grande potencial. Enquanto o Federal Reserve (o Banco Central americano, o Fed) não elevava a taxa de juros nos EUA, os investidores estavam mais dispostos a encarar risco. O cenário, no entanto, não é mais esse.
No segmento de eVTOL, os papéis da alemã Lilium, por exemplo, recuaram 70% desde que a empresa chegou à Bolsa. A empresa que menos perdeu até agora foi a Joby, com retração de 55%.
Esse panorama tem prejudicado companhias não apenas de eVTOL, mas de tecnologia das mais diversas áreas em todo o mundo. Um sinal disso é o desempenho, neste ano, da Nasdaq, a Bolsa americana em que as principais empresas do setor estão listadas. Enquanto a NYSE e o S&P 500 recuaram 12,8% e 16,8%, respectivamente, no acumulado do ano, a Nasdaq perdeu 26,6%.
Além do panorama mais difícil para o setor de tecnologia, empresas de eVTOL têm ainda o desafio de viabilizar seus produtos e implementá-los no mercado. Isso significa que precisam desenvolver todas as tecnologias necessárias e conseguir a certificação dos órgãos reguladores, além de terem de criar a infraestrutura dos locais onde as aeronaves vão pousar, decolar e ser recarregadas.