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Petrobras Arábia: Prates diz que ideia de subsidiária está restrita a parcerias sobre fertilizantes

Presidente da estatal minimizou ruído com Lula, que disse não ter sido informado sobre a iniciativa; investimento ainda está em fase de estudos

Por Gabriel Vasconcelos (Broadcast)
Atualização:

RIO - A possibilidade de a Petrobras abrir uma subsidiária em país do Golfo Pérsico está hoje restrita a parcerias comerciais na área de fertilizantes, disse ao Estadão/Broadcast o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates.

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Ele disse que não houve anúncio ou decisão nesse sentido, e mencionou a existência de estudos, em análise interna na companhia, para que a Petrobras faça investimentos cruzados na área de fertilizantes, possivelmente com a Arábia Saudita. O governo saudita já teria, inclusive, demonstrado interesse em negócio do tipo. Prates participa esta semana da COP-28, em Dubai.

O desenho em análise prevê investimentos geminados nos dois países, com a Petrobras sendo dona de participação em uma planta de fertilizantes na Arábia Saudita e os sauditas com porcentual em uma planta no Brasil. “Isso implicaria em constituir pessoa jurídica em algum país do Golfo, o que hoje tem baixo custo”, diz Prates

“Ninguém vai deixar de investir no Brasil, é justamente o contrário. A ideia é convergir no fornecimento de matérias-primas e compra de suprimentos, para garantir oferta segura de fertilizantes ao nosso agro, com preços competitivos, melhores ou iguais ao do importado”, continua o presidente da Petrobras.

Segundo Prates, eventual subsidiária no Golfo Pérsico teria foco nas sinergias para produção tradicional de fertilizantes Foto: Sebastião Moreira/Efe

Ele frisou que, antes de qualquer decisão final de investimento, os estudos têm de passar pelos níveis de diretoria e conselho de administração da Petrobras.

Prates lembra que a Arábia Saudita tem larga oferta de insumos nitrogenados, enquanto o Brasil tem potássio, ambas matérias-primas essenciais à produção de fertilizantes, assim como o gás natural, detido pelos dois países, mas a preços “muito mais altos” no Brasil. Uma combinação dessas ofertas, afirma, abriria caminho para produção de fertilizantes a preços mais competitivos em solo brasileiro e para importação de volumes seguros da Arábia Saudita, por exemplo.

Ruído

Durante a COP-28, em Dubai, o presidente da Petrobras falou genericamente a jornalistas sobre o assunto, o que gerou ruído após o presidente Luiz Inácio Lula da Silva dizer que não havia sido informado sobre a iniciativa. Lula disse que a cabeça de Prates é “fértil” e que o presidente da Petrobras pensa em velocidade muito superior à sua e, por isso, ainda teria de aprender o que está sendo planejado.

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Prates minimizou. Ele encarou a fala como bem-humorada e não como reprimenda. Até porque, informou, já teria conversado com Lula sobre a possibilidade de investimentos cruzados em fertilizantes. Segundo ele, o presidente não teria associado o tema ao ser questionado sobre uma “Petrobras Arábia”.

“Eu já disse ao presidente (Lula) que a única forma de assegurar algum tipo de suprimento de fertilizante para o nosso agronegócio, que não dependa de outros mercados e suas flutuações, é uma parceria, um investimento cruzado onde a gente possa participar um pouco de uma planta saudita que já exporta para nós”, disse Prates.

“Imagine a Petrobras entrar com 20% numa planta que já vende para nós e já nos tira do mercado por ter preço competitivo demais. E aí os sauditas entram em sociedade com gente numa planta nossa nova, ou que a gente já tenha para fazer um upgrade. Ora, as duas empresas, saudita e brasileira, ou uma só numa joint venture, teriam tudo junto para a compra de insumos. Então, na média, você conseguiria viabilizar um fertilizante com preço melhor ou igual ao do importado hoje, que concorre com Ucrânia, Irã e outros”, detalhou.

Segundo o executivo, diferentemente da Petrobras China, subsidiária no país asiático cujos estudos de implantação devem terminar em dezembro, uma eventual subsidiária no Golfo Pérsico não seria tão genérica, mantendo o foco nas sinergias para produção tradicional de fertilizantes. Um segundo estágio dessa parceria, disse, poderia acontecer para a produção dos chamados fertilizantes verdes, como amônia verde e ureia, o que poderia se estender ao desenvolvimento de outras pesquisas conjuntas.

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