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Política atual baixa confiança na economia japonesa

Na quinta-feira, Índice Nikkei alcançou maior nível em seis anos e fechou a sexta com 17.421 pontos, puxado pela alta do dólar frente ao iene

Por Agencia Estado
Atualização:

A pouca transparência na política econômica do primeiro-ministro Shinzo Abe afeta a confiança dos investidores e contribui para previsões pessimistas para a próxima semana na Bolsa de Tóquio. O indicador Nikkei do primeiro mercado asiático fechou na sexta-feira com uma alta semanal de 0,63%, aos 17.421,93 pontos, em cinco dias marcados pela chegada na quinta-feira a seu maior nível em seis anos. A alta foi atribuída, em parte, ao encarecimento do dólar frente ao iene, que aumenta os lucros repatriados dos exportadores japoneses. O enfraquecimento da divisa japonesa foi assinalado como a causa de possíveis revisões em alta nos resultados das grandes multinacionais nos próximos dias. O efeito na Bolsa de Valores de Tóquio será positivo e servirá para neutralizar fatores negativos, entre eles o crescente desconcerto pelas idéias vagas na economia de um primeiro-ministro que completa este mês quatro meses à frente do governo. Ao inaugurar as sessões do Parlamento, na semana passada, Abe reiterou em seu discurso um ideário nacionalista que inclui a revisão da Constituição pacifista e programas educativos para inculcar patriotismo nas crianças. Abe repetiu sete vezes sua frase favorita, "(Japão) um formoso país", e os analistas destacaram a falta de concretização de medidas para reativar o consumo ou para revisar a lei de doações políticas que facilita a corrupção em seu partido e abala a popularidade de seu governo. Em dezembro, seu vice-ministro de Reforma Administrativa, Genichiro Sata, renunciou por causa de sua implicação em um caso relacionado com fraude contábil no governamental Partido Liberal-Democrata (PLD). Para o semanário econômico Nikkei Weekly, o discurso nacionalista de Abe não entusiasma a população, que esperava explicações sobre como os assalariados receberão os lucros da atual seqüência de alta das empresas. Ao fazer referência à dívida soberana do Japão, a maior entre os países industrializados, Abe falou de sua intenção de reduzi-la "em meados da próxima década". Os companheiros do PLD criticaram o pouco imediatismo de Abe quando falou de sua "missão em criar uma nova visão para que o país faça frente às altas marés dos próximos 50 ou cem anos". À parte de medi-lo com o carismático Junichiro Koizumi, os analistas assinalam a ausência de um superministro da Economia como Heizo Takenaka, o arquiteto de uma série de reformas que foram aprovadas, apesar da constante oposição do PLD. Os analistas assinalam, além disso, a queda vertiginosa da popularidade do primeiro-ministro que, segundo uma enquete do jornal "Nikkei", passou de 71% para 51% entre setembro e dezembro. A principal razão do descontentamento popular é a falta de liderança, que faz com que, segundo os analistas, a ala mais retrógrada do PLD esteja a ponto de recuperar o controle. O consenso dos analistas espera altas para a próxima semana se houver bons resultados nos anúncios de empresas como Canon, Honda e Sony, mas projeta uma baixa do Nikkei até os 17.200 pontos devido a um reajuste "natural" depois da volatilidade dos últimos dias.

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