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Governo lança programa de proteção cambial para estimular investimento ‘verde’

Objetivo é tornar operações de captações de recursos no exterior viáveis para investidores sediados no Brasil

Foto do author Altamiro Silva Junior
Foto do author Francisco Carlos de Assis
Por Altamiro Silva Junior (Broadcast), Laís Adriana e Francisco Carlos de Assis (Broadcast)
Atualização:

O Programa de Mobilização de Capital Privado Externo e Proteção Cambial, o Eco Invest Brasil, apresentado nesta segunda-feira, 26, em São Paulo, tem como objetivo tornar viável operações de captação de recursos no exterior por empresas e investidores sediados no Brasil.

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O Eco Invest tem como objetivo incentivar investimentos estrangeiros em projetos sustentáveis no Brasil e oferecer proteção cambial. O governo quer que os riscos associados à volatilidade do dólar sejam reduzidos, para não atrapalhar investimentos estrangeiros em infraestrutura verde.

O programa não vai interferir no mercado de câmbio. “Nesse sentido, ele não vai reduzir a volatilidade do câmbio, tampouco definir artificialmente o preço da moeda, mas sim oferecer uma proteção específica para projetos de transição ecológica”, destaca o documento do Ministério da Fazenda.

Por causa das constantes oscilações da moeda, o custo da proteção cambial para prazos mais longos é alto, e acaba inviabilizando investimentos ecológicos em moeda estrangeira. “Além disso, praticamente inexistem soluções no mercado nacional para prazos acima de dez anos”, segundo o documento.

Dentro do programa, o governo do Brasil oferecerá uma proteção cambial. “Assim como o seguro de um carro cobre o prejuízo em caso de acidente, essa proteção garante que, se o real se desvalorizar em um determinado porcentual, o investidor estará protegido.”

O seguro promete cobrir a diferença cambial, assegurando que o investidor possa comprar dólares por uma taxa previamente definida, minimizando, assim, suas perdas.

“Quando se fala em viabilizar operações com recursos do exterior, refere-se a alavancar os recursos já disponíveis no Brasil”, explica o documento da Fazenda. Para isso, serão fornecidas linhas de crédito a “custo competitivo” para financiar parcialmente projetos de investimentos alinhados à transformação ecológica que se utilizem de recursos estrangeiros.

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“O programa não somente fomentará maior integração das companhias brasileiras com investidores e com o sistema financeiro internacional, como também impulsionará os investimentos verdes no País”, ressalta o documento.

O Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) vai ser o intermediário na contratação de um banco internacional que oferecerá o seguro cambial no Brasil, segundo o documento. “O BID, que tem uma excelente reputação e crédito de alta qualidade (classificação triplo A), pode contratar a proteção cambial de forma mais acessível e com melhores condições, que poderão ser transferidas às companhias e financiadores.”

Ilan Goldfajn, presidente do Bid, que vai ser o intermediário na contratação de um banco internacional que oferecerá o seguro cambial no Brasil Foto: Hélvio Romero/ESTADÃO

Com esse arranjo, os envolvidos no projeto querem que o custo para proteger os investimentos contra a variação cambial seja menor, tornando os projetos ecológicos no Brasil mais atrativos para investidores de todo o mundo.

O Banco Central será a ponte entre o seguro que o BID pode contratar e os investidores dos projetos ecológicos no Brasil, sejam eles financiadores ou mesmo as companhias.

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O governo, por intermédio do Ministério da Fazenda, vai oferecer uma linha de liquidez especial para financiamentos de grandes projetos sustentáveis. “Isso é especialmente importante para projetos que, apesar de gerarem receita em reais, necessitam de financiamento em moedas estrangeiras, como o dólar.”

Para o presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Ilan Goldfajn, se der certo, o programa de hedge cambial poderá ser replicado no mundo inteiro. “Tenho certeza de que será um caminho longo, com muita ajuda e muita contribuição. E o BID tem orgulho de ser participante deste pipeline de crédito”, disse Ilan.

O presidente do BID afirmou que muitas vezes se fala que falta investimentos e outras, que faltam projetos. De acordo com ele, ambos faltam, por isso, emendou, o objetivo é aumentar investimentos diretos no Pais e promover projetos de mitigação dos efeitos das mudança climáticas.

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“Acho que é simbólico o que estamos fazendo aqui hoje. Se funcionar, e eu acho que será um exemplo para o mundo. Vai ser replicado no mundo todo. É simbólico também porque está acontecendo na semana do G-20″, disse durante a apresentação do programa de Mobilização de Capital Privado Externo e Proteção Cambial, o Eco Invest Brasil, nesta manhã em São Paulo.

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