A análise de como o Planalto vem lidando com três grandes desafios com que agora se defronta deixa claro como decisões cruciais do presidente continuam pautadas por visões distorcidas, altamente lesivas a seus melhores interesses. Basta ter em conta as escalações recentes que Lula da Silva fez para a presidência da Petrobras e para a recém-criada Secretaria Extraordinária para Apoio à Reconstrução do Rio Grande do Sul. E, também, as considerações que, tudo indica, acabarão dominando sua escolha do nome a ser indicado para a presidência do Banco Central.
Das tormentosas relações dos governos petistas com a Petrobras, Lula nada aprendeu e nada esqueceu. Estivesse assombrado pelos fantasmas do passado, o presidente deveria, a esta altura, estar preocupado em dispensar à Petrobras um tratamento comedido e austero, tirando bom proveito do penoso esforço de reconstrução por que a empresa teve de passar a partir de 2016.
O que agora se vê, contudo, é o governo empenhado em remontar, a toque de caixa, o circo de horrores na Petrobras. A nova presidente da empresa tem currículo respeitável, mas bem sabe que foi nomeada para insistir, com determinação, no mesmo rosário de erros passados. Não será obstáculo ao avanço dessa agenda.
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No caso da nomeação do ministro que deverá comandar a ação federal na reconstrução do Rio Grande do Sul, a visão distorcida é outra. O que merece crítica é a decisão de entregar o novo cargo ao deputado Paulo Pimenta que, além de ter-se tornado um estorvo para o Planalto, por seu desempenho medíocre à frente da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, é pré-candidato declarado a governador do Estado.
Tendo se deixado apequenar pelo oportunismo eleitoreiro nessa nomeação, Lula parece ainda não ter se dado conta das reais proporções do desafio com que o País agora se defronta no Rio Grande do Sul.
Quanto à indicação do novo presidente do Banco Central, a visão distorcida que tende a prevalecer é bem conhecida. Lula jamais escondeu sua ojeriza à ideia de que o Banco Central deve operar com independência em relação ao governo. Não lhe passa pela cabeça não ter controle estrito sobre a instituição. E, a se julgar pela fieira de declarações irritadas que tem dado a esse respeito, desde a campanha presidencial, é difícil que não acabe indicando um yes-man. Em bom português, um pau-mandado.
Três grandes desacertos de altíssimo custo. Tendo já atravessado mais de um terço do seu mandato, Lula vem abusando de seu direito de errar.