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Shein marca 3 a 0 contra varejistas brasileiras de moda numa única semana; leia análise

Para analistas, consumidores continuarão comprando no exterior a preços muito mais baixos e preservando competitividade das plataformas estrangeiras com alíquota de importação zerada até US$ 50

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Por Talita Nascimento

O cenário não poderia ter sido mais positivo para a Shein ao final desta semana. Após anunciar, na quinta-feira, 29, uma parceria com a Companhia de Tecidos Norte de Minas (Coteminas) para fabricar suas roupas no Brasil, a empresa ainda se registrou junto aos reguladores americanos para uma oferta pública inicial (IPO, na sigla em inglês) de ações em Nova York, segundo informações da Reuters. Por fim, o governo brasileiro anunciou na sexta-feira, 30, a isenção de imposto de importação para compras de até US$ 50 em sites estrangeiros.

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A junção desses fatores cria um cenário competitivo positivo para a empresa chinesa. De um lado, a parceria com a Coteminas sinaliza ao governo investimento em indústrias locais, além de criar uma narrativa de regularização da empresa. O anúncio foi feito no Palácio do Planalto pelo presidente da varejista digital na América Latina, Marcelo Claure, o presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e executivo da Coteminas, Josué Gomes, e a governadora do Rio Grande do Norte, Fátima Bezerra (PT). Haverá, segundo Claure, investimento de US$ 150 milhões para treinamento, produção e fábricas.

Em outra frente, a possível entrada de capital na Shein a faria ainda mais agressiva em crescimento. “Caso o IPO seja realizado, a injeção de capital na companhia tornará ela ainda mais competitiva, podendo impactar negativamente as varejistas de vestuário brasileiras, especialmente C&A, Lojas Renner e Guararapes”, afirma o analista Ygor Bastos, da Genial Investimentos.

Por fim, o anúncio de isenção de imposto de importação para compras de até US$ 50 em sites de comércio eletrônico é outro trunfo da Shein. Para os analistas do Citi João Pedro Soares e Felipe Reboredo, a notícia de que o Ministério da Fazenda vai zerar a alíquota do imposto de importação para essas compras foi uma surpresa negativa para as empresas nacionais de varejo.

Shein obteve registro junto aos reguladores americanos para uma oferta pública inicial de ações em Nova York Foto: Cooper Neill/The New York Times

Eles afirmam que a mudança busca incentivar as plataformas de comércio eletrônico estrangeiras a aderirem voluntariamente ao programa “Remessa Conforme”, que visa facilitar a cobrança de impostos em transações internacionais. Isso deve permitir que o governo monitore melhor essas empresas.

“Embora esses esforços sejam positivos a longo prazo devido à melhoria na supervisão do governo e à competitividade mais igualitária — também observamos que as empresas terão que pagar a taxa de imposto estadual de 17%, independentemente do tamanho do pedido — não esperávamos o incentivo de isenção de compras de US$ 50 (a alíquota do imposto de importação é atualmente de 60%)”, escreveram.

Os analistas estimam que os consumidores continuarão a comprar produtos no exterior a preços muito mais baixos e preservando, em certa medida, a competitividade das plataformas estrangeiras.

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