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Sua barba está acabando com a indústria dos produtos para barbear

Pela 1ª vez desde a recessão, gasto de americanos com giletes e aparelhos de barba caiu em 2013, chegando a US$ 2,3 bilhões

Por Drew Harwell
Atualização:

Como participantes da campanha "Novembro sem barbear" e sua versão para os bigodudos, "Movembro", homens de todos os Estados Unidos vão se dedicar a manter os objetos cortantes longe de seus queixos e costeletas durante o mês. Mas, para um número cada vez maior deles, esse mês não será tão diferente dos demais. Pela primeira vez desde a recessão, o gasto dos americanos com giletes e aparelhos de barba caiu no ano passado, chegando a US$ 2,3 bilhões.

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De acordo com os analistas, os homens que se barbeiam estão cansados de gastar cada vez mais dinheiro em diferentes combinações de pequenas lâminas. "Fartos do preço das lâminas descartáveis oferecidas pelas principais fabricantes, os homens procuraram opções mais baratas", escreveram recentemente os analistas da firma de pesquisas Euromonitor. "Alguns deles simplesmente pararam de se barbear."

O panorama é assustador para as empresas tradicionais do ramo dos aparelhos de barba. Mas, para aquelas que oferecem produtos além das lâminas, a mudança traz um benefício inesperado. No ano passado, os produtos masculinos para cuidados com a pele tiveram um crescimento maior do que os demais setores dos produtos de beleza masculinos, com alta de 7% nas vendas, chegando a um total de mais de US$ 260 milhões, algo que os analistas da Euromonitor disseram ser "um claro indicador das mudanças na natureza dos produtos de beleza voltados para o público masculino".

Cauã Reymond é um dos atores brasileiros que não contribui para a indústria de barbeadores Foto: Divulgação

Outro indício da tendência metrossexual entre os americanos? Talvez. De acordo com os analistas, os homens parecem hesitantes em fazer gastos com seu estilo pessoal. E o estilo de vida de barba por fazer também é aceito nos ambientes de trabalho mais relaxados de hoje em dia, onde a tendência a proibir a barba é menos frequente do que no meio corporativo tradicional.

"A barba se tornou muito mais aceita hoje, especialmente no ambiente de trabalho. Não se exige mais que todos se barbeiem todo dia", disse Gabriela Elani, analista de produtos de cuidado pessoal a serviço da firma de pesquisas de mercado Mintel.

De acordo com ela, em pesquisa realizada no ano passado, apenas metade dos homens disse fazer a barba diariamente.

Desde 2012, o mercado americano de lâminas descartáveis teve queda de US$ 85 milhões, enquanto as vendas de aparelhos descartáveis tiveram crescimento de US$ 23 milhões, mostram os dados da Mintel. Homens de todas as idades estão optando por alternativas mais baratas, incluindo serviços de assinatura de startups como a Dollar Shave Club, que vende cinco cartuchos do seu modelo básico, Humble Twin, por US$ 1 mensal. A empresa se encaminha para acumular receita de US$ 60 milhões esse ano, três vezes mais do que em 2013.

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Algumas empresas acreditam que os homens estão dispostos a pagar mais por seus barbeadores, mas querem receber algo extra pelo preço alto. A Gillette, gigante do setor que gastou US$ 750 milhões no final dos anos 90 para projetar e produzir seu modelo Mach3, apresentou versões do seu Fusion Pro-Glide incluindo lâminas motorizadas, corte de precisão e cabeças móveis Flexball. No ano passado, as vendas da linha ProGlide, mais avançado modelo da indústria, seguiram caindo até o ponto mais baixo desde 2010.

Enquanto isso, o mercado de "produtos de cuidado pessoal" voltados para o público masculino, incluindo cremes para a pele, gel e produtos para o cabelo, cresceu 15% desde 2008, chegando no ano passado a US$ 3,9 bilhões, de acordo com dados da Mintel. Os pioneiros do corredor de cosméticos masculinos estão se tornando produtos de uso rotineiro para muitos homens: cerca de 60% dos homens de 18 a 34 e aproximadamente 30% dos homens cim de 65 anos disseram usar hidratante facial.

Ainda há alguns obstáculos previsíveis que afastam os homens dos cuidados com a pele, disseram os analistas, incluindo preguiça e preocupação com a "masculinidade". Algumas empresas tentam desassociar os produtos para a pele do termo "beleza", oferecendo cremes pós-barba, hidratantes e "cremes restauradores".

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A indústria não é movimentada apenas pelos jovens: há também os de idade mais avançada que desejam parecer mais novos (ou ao menos têm o dinheiro para tentar fazê-lo).

"Os homens com dinheiro o bastante para ficarem bonitos podem ser vistos procurando produtos de beleza masculinos para manter uma aura de juventude e energia”, escreveram os analistas da Euromonitor. “Conforme a geração nascida no pós-guerra se torna mais velha, mas continua concorrendo com homens de todas as idades por empregos e parceiras românticas, ela seguirá gastando o quanto puder para ter a melhor aparência e anunciar seu valor." / TRADUÇÃO AUGUSTO CALIL.

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