Os chefes querem trabalhadores no escritório para aumentar a produtividade. No entanto, os profissionais da geração Z estão aproveitando essa exigência para praticar o “task masking”: parecer mais ocupados do que realmente estão. Especialistas alertam que essa estratégia pode levar a mais estresse e esgotamento.
Desde que a Amazon impôs seu retorno obrigatório ao escritório no final do ano passado, mais empregadores vêm encerrando o trabalho remoto e exigindo a presença física dos funcionários. Mesmo diante da falta de mesas disponíveis e de petições contrárias dos colaboradores, os chefes insistem que maior presença significa maior produtividade. Mas a realidade pode ser outra.
Isso porque os jovens profissionais frustrados já não podem simplesmente praticar o “loud quit” (expressar abertamente seu descontentamento e sair do emprego), pois o mercado de trabalho está mais competitivo. Em vez disso, recorrem ao “task masking”.
Basicamente, eles fazem um esforço extra para parecer que estão trabalhando duro, quando, na verdade, estão trabalhando o mínimo possível. Uma rápida rolagem pelo TikTok revela uma infinidade de dicas sobre como parecer ocupado no escritório: andar apressadamente carregando um laptop sob o braço ou digitar de forma exageradamente barulhenta são algumas das técnicas mais populares.
Mas, além das redes sociais, gestores disseram à Fortune que realmente notaram essa tendência entre seus funcionários. Veja como o “task masking” afeta o desempenho e o que isso significa para a geração Z.

Microgerenciamento é o culpado pelo “task masking”
A plataforma career.io, que cunhou o termo, afirma que o “task masking” aumentou conforme o tempo no escritório também aumentou, e por um motivo óbvio: “As empresas que exigem o retorno ao escritório estão passando a mensagem de que presença equivale a produtividade”, diz Amanda Augustine, coach de carreira da career.io.
“Essa tendência reflete a crença dos jovens profissionais de que tempo e ‘mostrar a cara’ no trabalho não são sinônimos de resultado e impacto.” Ou seja, o objetivo do “task masking” é provar que parecer ocupado não significa ser mais produtivo.
Diversos gestores relataram à Fortune que perceberam um aumento nos funcionários agendando reuniões desnecessárias e espalhando tarefas simples ao longo do dia para manter a aparência de estar sempre ocupados.
No entanto, segundo Jenni Field, fundadora e CEO da Redefining Communications, isso não é nenhuma novidade. “A falta de engajamento e a ineficiência podem ocorrer em qualquer lugar, seja no escritório ou no trabalho remoto”, explica a especialista em comunicação. “Se uma pessoa não quer trabalhar, ela não vai.”
Um diretor de RH revelou à Fortune um aumento nos downloads de softwares que simulam o movimento do mouse — o equivalente digital a fingir estar ocupado.
Para Field, expectativas pouco claras, excesso de controle e falta de comunicação são os principais culpados: “Se alguém não está entregando resultados, o problema não é onde essa pessoa está trabalhando, mas sim como está sendo gerenciada.”
“Se o retorno ao escritório é obrigatório, deve haver um propósito claro além de simplesmente estar presente, especialmente se o trabalho pode ser realizado remotamente”, acrescenta. “Se esse propósito estiver ausente, funcionários e líderes precisam trabalhar juntos para redefinir o que o trabalho presencial deve representar e abordar as verdadeiras causas do ‘task masking’”.
Victoria McLean, CEO e fundadora da consultoria de carreiras City CV, enfatiza que o “task masking” deve servir como um alerta para os gestores. “Se os funcionários sentem a necessidade de fazer isso, a questão não deveria ser ‘Por que eles não estão trabalhando mais?’ e sim ‘Por que eles não sentem que seu trabalho real é valorizado?’. Quando as pessoas gastam mais energia para parecer produtivas do que para serem produtivas, provavelmente há um problema de confiança ou engajamento”.
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“Task masking” pode ser um sintoma de algo mais grave
Na realidade, o “task masking” pode não ser o grande vilão da produtividade que se imagina. Afinal, há um limite para o tempo que alguém pode gastar andando apressado pelo escritório e digitando alto.
Muitos trabalhadores já praticavam essa estratégia desde o início de 2024, antes mesmo de o termo ganhar nome. Gestores: vocês sequer perceberam?
No verão passado, uma pesquisa da Workhuman revelou que 36% dos trabalhadores admitiram fingir produtividade. O principal motivo? Buscar um melhor equilíbrio entre vida pessoal e profissional. Além disso, quase 70% afirmaram que essa prática não impactou seu desempenho e quase metade ainda se considerava acima da média em termos de produtividade.
“Isso indica que as razões para o ‘task masking’ podem não estar relacionadas a uma recusa em trabalhar, mas sim ao esgotamento causado pelo ambiente de escritório ou à falta de tarefas suficientes para preencher o expediente”, explica Augustine.
Lee Broders, coach de vida, mentor de negócios e empreendedor, alerta que, independentemente da razão para recorrer ao “task masking”— seja o burnout ou a falta de confiança na gestão —, essa estratégia pode acabar prejudicando o bem-estar dos trabalhadores, levando a ainda mais estresse e exaustão.
“Se você se percebe praticando o ‘task masking’, pare e reflita: por quê? Você está entediado, desmotivado ou insatisfeito com as políticas da empresa?”, aconselha Broders aos jovens trabalhadores.
Em vez de gastar energia para parecer ocupado, Broders sugere que os funcionários conversem com seus gestores sobre melhorias na carga de trabalho ou na flexibilidade. “Em vez de focar na aparência do trabalho, é melhor estabelecer metas e defender um ambiente que favoreça o trabalho real”, acrescenta.
McLean concorda e ressalta que os funcionários que praticam o “task masking” estão, na verdade, se prejudicando. “A sua carreira não é construída com horas de escritório, e sim com resultados, relacionamentos e reputação. Se você não vê valor em estar no escritório, converse abertamente com seu empregador”, diz ela. “Se a cultura da empresa ainda valoriza trabalho performático em vez de contribuições reais, talvez seja hora de reconsiderar se esse é o ambiente certo para o seu crescimento.”
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