É muito comum ouvir que ainda vivemos uma educação do século XIX, com professores do século XX e estudantes do século XXI. O que isso quer dizer? Será que as formas de educar, que deram tão certo até o momento, mudaram? Ou os novos recursos para educar é que mudaram?
Na verdade, falar em inovação na educação está muito mais relacionado com a reflexão sobre as melhores experiências de aprendizagem que podemos ofertar, hoje, aos nossos alunos. Mais do que inovar utilizando aparatos tecnológicos, devemos pensar em melhorar os resultados acadêmicos dos estudantes, e, pelo que observamos em pesquisas, isso pode ser melhor atingido se os estudantes veem sentido naquilo que realizam na escola. Para isso, o engajamento dos estudantes com o objeto de conhecimento precisa ser o mote dos discursos na educação. Por esse motivo, a discussão, hoje, é em torno das metodologias ativas, algo que não é nada novo na educação, mas que precisa ser analisado sobre o viés do protagonismo!
Como tornar os estudantes, desde os anos iniciais, realmente, protagonistas? Sem dúvida nenhuma, tendo professores que deem a eles essa oportunidade. Para isso, é essencial pensar na formação de professores, inicial e continuada, e o quanto essa formação deve possibilitar que os educadores vivenciem esse protagonismo. Mais do que o protagonismo no discurso, protagonismo em ação. É nessa possibilidade de que o professor em formação vivencie experiências que ele poderá, de certa forma, realizar em sua prática em sala de aula que defendemos, no Singularidades, a homologia de processos.
Miguel Thompson, diretor do Singularidades, em entrevista para esta coluna, compartilha algumas das concepções que embasam o novo currículo de formação de professores na instituição e que são reflexões importantes para pensarmos nas habilidades e competências dos professores que lecionam em salas de aula deste nosso século.
Investigação e pesquisa
Investigação e pesquisa são elementos essenciais para um educador que vive o dinamismo da prática educativa. Segundo os nossos micromanifestos, a investigação "não se refere estritamente à pesquisa acadêmica, mas ao processo analítico e reflexivo da prática pedagógica e da realidade educacional. É a formação de uma postura investigativa que estabelece a prática educativa e a própria prática como objeto de pesquisa". Miguel comenta, nesse aspecto, que é importante "imaginar que o currículo é sempre uma hipótese a ser testada e, assim, imaginar que a sala de aula é um ´laboratório´, isso faz do professor alguém que está sempre refletindo sobre sua prática". Saber fazer boas perguntas, elaborar boas hipóteses, testá-las, refletir sobre sua ação, analisando sua experiência e transformando-a em conhecimento são habilidades essenciais de um professor investigador.
Desenvolvimento integral
Educadores têm debatido, na ótica contemporânea da educação, que os conteúdos escolares, em si, não são o suficiente. De acordo com nosso micromanifesto número 5, "hoje vivemos em um contexto de alta complexidade, que exige uma mudança significativa no modelo de educação predominante no Brasil. O desenvolvimento de novos modelos de pensamento trabalhados nas quatro dimensões (física, cognitiva, social e emocional) gera o desenvolvimento integral." Para Miguel, "quando damos conta desses aspectos sobre nós mesmos, é possível entender melhor o outro, criando empatia nessa relação e ampliando nossas possibilidades de realização pessoal". Emoções, criatividade e a capacidade de articular diferentes saberes e desenhar alternativas são aspectos importantes nesse processo.
Cultura digital
Educação, hoje, está imersa nas tecnologias digitais, fato que foi abordado no 8º micromanifesto. "Para a educação contemporânea a imersão nesse espaço já não é opcional. Os educadores precisam se posicionar frente à cultura digital. Isso deve ocorrer de forma transversal, eliminando a dicotomia entre as disciplinas "tradicionais" e as disciplinas de tecnologias digitais de comunicação e informação. O ciberespaço deve ser trabalhado dialogicamente, em constante interação com a formação integral dos futuros educadores". Miguel é categórico ao afirmar que "a ideia de cultura digital é muito mais amplo do que o uso de novas tecnologias. A cultura digital traz conceitos como colaboração, personalização, criatividade, que ampliam o olhar e desmistificam a ideia do uso das tecnologias digitais com um fim, mas apontando seu uso como um recurso que possibilita a aproximação com outras habilidades tão, ou até mais, essenciais na formação do educador."
Ética, solidariedade e intervenção social
"Um dos papéis da escola é criar condições de humanização dos indivíduos e contribuir para a construção do ser humano, social e pessoal, que busca a felicidade não apenas individual, mas do bem-estar coletivo", é o que consta sobre esse tópico em nossa proposta curricular. Nesse aspecto, "a educação só tem sentido se tiver vínculo com a transformação da sociedade" pontua Miguel. A valorização do diálogo, do debate, do convívio entre gerações, desenvolvendo a solidariedade por meio da participação ativa do indivíduo na vida social, são desafios para uma educação que realmente proponha alternativas a problemas reais e promova a transformação da sociedade.
Saiba mais!
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Lilian Bacich
Coordenadora geral de Pós-graduação e de pesquisa do Instituto Singularidades e responsável pela gestão deste Blog. Dúvidas? Sugestões? Entre em contato: lilian@singularidades.com.br