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Benito, a girafa: Ativistas trabalham para remover animal de recinto pequeno em cidade mexicana

Segundo protestos, ele tem apenas uma cobertura pequena para se esconder do sol e não tem abrigo para se proteger no inverno

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Por Redação

AP / Cidade do México - Benito, a girafa, chegou na árida cidade fronteiriça no norte do México, Ciudad Juarez, no mês passado e o clima já parece ser um problema – e ele teve de lidar apenas com o calor escaldante do verão.

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A neve e as temperaturas congelantes do inverno ainda estão por vir, e ativistas dos direitos dos animais estão em pé de guerra e promovendo a campanha “Salve Benito” para remover o animal para um local mais acolhedor.

Recentemente, a girafa macho de 3 anos de idade foi vista agachada com apenas a cabeça debaixo de uma pequena cobertura para sombra. A estrutura pouco o protegeu de uma chuva de granizo e uma forte tempestade mais tarde.

Ativistas querem remover Benito de um pequeno recinto na cidade fronteiriça de Ciudad Juarez. Foto: Christian Chavez / AP Photo

Há também uma pequena cabana para o inverno, mas ativistas dizem que é cruel da parte do Central Park, nome do parque administrado pela cidade, manter a girafa enclausurada em um recinto pequeno, sozinha, com apenas meio acre para andar e algumas árvores para mordiscar, em um clima ao qual não está acostumada.

“Temos lutado por um mês para exigir que ele seja levado para um santuário de animais, um zoológico, a algum lugar em que há instalações adequadas e profissionais qualificados para cuidar desse tipo de animal”, diz Ana Félix, uma ativista de direitos dos animais de Ciudad Juarez. “Nós estamos no deserto aqui e o clima é extremo no inverno e no verão”.

Blue Hills, um rancho santuário no Texas que resgata animais e reserva passeios privados para ajudar a compensar os custos, se ofereceu para comprar ou adotar Benito.

“Nós podemos oferecer um novo celeiro aquecido, então no inverno ele não terá de ficar na neve e no frio”, escreveu Matt Lieberman, operador do rancho, em resposta à The Associated Press. “Nós temos uma equipe de veterinários que cuida dos nossos animais e temos um time que poderia dar suporte por 24h a ele”.

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Ele adiciona que a girafa teria 320 acres disponíveis para andar. “Ele não tem nenhuma árvore para mastigar [no parque do México]”, diz Lieberman. “Ele precisa de árvores para comer e se manter estimulado”.

Benito parece ter finalizado as únicas árvores pequenas do recinto do Central Park e pode fazer pouco mais do que andar em círculos.

Oficiais do parque rejeitam as críticas, embora reconheçam que não podem oferecer mais árvores. Eles dizem estar trabalhando para melhorar o espaço de Benito, afirmando que a sua presença tem sido importante para aumentar a popularidade do parque entre visitantes, especialmente crianças. O número de visitantes no mês foi de 140 mil, número de antes da chegada de Benito, para 200 mil.

Derek Reyes, visitante do parque, de 11 anos, tem um misto de sentimentos sobre Benito.

“Ele poderia ficar bem aqui”, diz Reyes. “Mas também seria bom se eles pudessem levá-lo a um lugar ao qual ele pertence, com um rebanho”.

Crianças visitando Benito no recinto de Ciudad Juarez. Foto: Christian Chavez / AP Photo

Rogelio Muñoz, diretor do parque, afirma que as autoridades planejam construir uma nova casa de inverno aquecida para Benito em setembro.

O parque também está construindo uma cobertura maior para que a girafa se proteja do sol e retirando lixo e água fétida de uma piscina que ocupa grande parte do recinto. Benito terá água fresca de um bebedouro.

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“As condições, atenção e cuidado no habitat do novo morador do parque são ótimas para a sua permanência”, escreveu o parque em uma mensagem nas redes sociais.

Benito foi doado por um zoológico localizado no clima muito mais temperado de Sinaloa, um estado na costa do Pacífico norte no México. Benito não poderia ficar com as duas outras girafas do zoológico de Sinaloa porque eles eram um casal, e o macho poderia disputar território e atacá-lo, já que ele era mais jovem.

A chegada da girafa foi motivo de orgulho para Ciudad Juarez, uma cidade seca e árida perto de El Paso, no Texas, conhecida por suas centenas de fábricas maquiladoras e sua violência endêmica de gangues. O pensamento foi: El Paso tem girafas no zoológico, então por que não Ciudad Juarez?

“Nós queremos ser como El Paso”, diz Muñoz.

O Central Park, que também contém algumas outras espécies de animais, como patos e burros, convidou crianças ao redor da cidade para visitar a nova girafa; o governo da cidade fronteiriça de Chihuahua patrocinou um concurso entre escolas para escolher um nome para o animal.

O primeiro prêmio – cerca de US$ 500 – foi para uma menininha que propôs o nome “Benito”. Um crítico, Alfredo Casas, comentou no Facebook: “Eles poderiam ter feito um uso melhor do dinheiro comprando uma cobertura melhor para a girafa”.

O parque criou uma campanha para que as crianças oferecem apenas legumes e cenouras a Benito. Foto: Christian Chavez / AP Photo

O parque teve uma girafa, chamada Modesto, por 21 anos. Ele morreu no ano passado, e ativistas dizem que não querem que a experiência – de ficar sozinho e às vezes ser pego pela neve e pela geada – se repita para Benito.

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“Quando Modesto morreu, achamos que seria o fim disso”, diz Félix. “Mas então eles nos trazem um novo animal, e isso realmente não é justo. Não é justo repetir a história de Modesto”.

Muñoz sabia que a vida de Modesto não era das melhores – crianças que costumavam visitar a girafa a alimentavam com batatas fritas e salgadinhos. Mas oficiais do parque criaram uma campanha para ensinar as crianças a levarem apenas legumes e cenouras a Benito.

Muñoz diz que também não quer que Benito tenha uma vida solitária.

“Quando o seu espaço estiver arrumado, com uma casa e aquecimento [...], queremos trazer uma fêmea, porque ele não pode ficar sozinho”, afirma Muñoz.

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