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Provas de rua de A a Z

Conheça Sampa correndo

Se tem uma coisa que adoro quando estou viajando é desbravar as ruas próximas do local onde estou hospedada correndo. Mas e em São Paulo? Da minha cidade natal já me lancei pelo Brooklyn, Chácara Santo Antônio, Vila Olímpia, Itaim Bibi, Vila Nova Conceição, Jardins, Ibirapuera e Pinheiros. É pouco, muito pouco. Mas tem um grupo especializado nisso. São os Desbravadores de Sampa, que sempre programam corridas temáticas bem bacanas e outras livres, onde apenas o ponto de encontro é marcado. A ideia é aproximar pessoas, conhecer detalhes da cidade, levantar problemas, quebrar preconceitos e o principal de todos, ocupar o espaço público. Conversei com um dos desbravadores é Hugo Peroni, 34, que trabalha com marketing. Ele começou como quase todo mundo, nas corridas dominicais. Hoje corre de 5km a 42km. "Mas é correndo livre pelas ruas que me encontrei", conta.

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Atualização:

 Foto: Estadão

Hugo estava vivendo aquele dilema de corredores: treinar nos parques, onde tudo é muito monótono, circular, não acaba nunca. "Nas ruas há sempre novidades. Assim, correr 21km na rua é uma coisa e no Ibirapuera é outra", diz. Para ele,observar e interagir com a cidade promovem a criatividade. "Posso dizer que quanto mais quebro a rotina, mais criativa minha vida se torna em vários outros quesitos."Concordo plenamente com ele.Na semana passada fizeram uma corrida de boas vindas aos refugiados e imigrantes.

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Washington Kiyoshi Sueto já fez quatro corrida com os Desbravadores e amou a experiência. Participar desses passeios, muda a perspectiva. "Te dá a sensação de empoderamento. Tomar a cidade para si. Ocupar espaços. Poder ver detalhes e nuances que não é possível, quando se está dentro de um carro, ônibus ou metrô. Cheiros, sons, cores. Contato com as pessoas e o entorno", explica Sueto, que participou da mais recente, dos imigrantes, e adorou. "O Desbravamento de boas vindas, foi sensacional.  Dessa vez, pudemos contar com a participação de corredores e caminhantes", contou.

Recentemente ele apostou uma corridacom um amigo. "A ideia era sairmos da Avenida 9 de Julho, próximo à São Gabriel, até a Rua Luís Goes, o que dá 6km." Só que o amigo foi depossante e Hugo, de pisante. "Cheguei 10 minutos antes!" E sabe qual foi a conclusão do campeão da aposta: "Precisamos repensar com urgência a forma como nos deslocamos pela cidade. Mas esta iniciativa não precisa ser do poder público, e sim de cada um de nós. Desafios como o Multimodal, que convida a pessoa a se deslocar de cinco formas diferentes durante a semana, são muito importantes por promoverem a experiência".

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 Foto: Estadão

Desde 2011 vocês organizam corridas diferentes em Sampa. Não são provas, são encontros mesmo, como se fosse uma visita guiada, só que correndo até os locais. É isso? 

Hugo Peroni - Nos quatro anos iniciais, realizávamos percursos sem muita divulgação. Chegamos a criar corridas temáticas como "política paulistana", passando pelos prédios onde as decisões políticas são tomadas; "espiritualidade paulistana", onde passamos por um templo de cada segmento religioso, dentre outros. Em maio deste ano iniciamos parceria com a Corrida Amiga e intensificamos a divulgação. A partir de então, o nosso foco se amplificou. Passamos a promover a interação entre as pessoas, muito além do nosso propósito inicial.

  "Considerava algumas regiões inacessíveis por medo, mas a corrida

 desbravadora me proporcionou observar a cidade de

 uma forma mais humana e me tornar uma pessoa melhor"

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Como os Desbravadores começou? 
Hugo Peroni - Eu estava treinando para a São Silvestre, mais ou menos em 2011. Então decidi correr até a casa do meu irmão, a 18km daqui, com o intuito inicial de treinar para a corrida. Mas fui percebendo detalhes na cidade durante o percurso que nunca antes havia notado. Até então, só treinava em parques. A partir deste dia, comecei a correr pelas ruas da cidade e observá-la. O primeiro desbravamento oficial foi entre os estádios do Palmeiras e Corinthians (na época em obras), uma semana depois da corrida à casa do irmão. Fiz um vídeo (ficou com péssima qualidade) que foi elogiado por bastante gente. Aí não parou mais. A primeira coisa que notei que este tipo de corrida começou a ajudar a combater foi o preconceito. Eu considerava algumas regiões inacessíveis por medo, mas a corrida desbravadora me proporcionou observar a cidade de uma forma mais humana e me tornar uma pessoa melhor.
Como participar?
Hugo Peroni - Na atualidade, basta seguir o Desbravadores em sua fanpage no Facebook e entrar nos eventos. Pensamos em brevemente, com uma estrutura nova de site, solicitar que seja feito um cadastramento para participar. Mais informações no site - www.desbravadoresdesampa.com.br
Que nível o corredor deve ter? Quantas pessoas vão em média? O que tem que levar? É grátis?
Hugo Peroni - Todos os tipos, de iniciantes a vencedores de competições. Nosso objetivo é utilizar o que gostamos de fazer (correr) para apreciar a cidade. Vão 15 pessoas em média. É preciso levar água ou dinheiro para comprar hidratação nos lugares que paramos durante a corrida, como padarias, lanchonetes, etc.

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Que dica dão para quem quiser experimentar desbravar Sampa correndo ? Quais os "perigos" nas ruas paulistanas aguardando os corredores? 
Hugo Peroni - Correr, para mim, assim como para os amigos do Corrida Amiga, é se deslocar. Inclusive já testei vários modais no dia a dia. Correr foi um dos mais eficazes. Assim, aliás a corrida é economia de tempo. Deslocamento ativo é útil já que está se exercitando e não desperdiçando tempo. Com a filosofia desbravadora, a pessoa pode buscar novos percursos, observar a cidade de outras formas. Eu trabalho a 7km da minha casa em linha reta. Já fiz este percurso em 15km, pois explorei tudo o que tinha ao redor. A consequência é que você acaba aprimorando a criatividade.
  Até agora, qual foi a mais legal?
  Hugo Peroni - Como vamos evoluindo sempre, a última é sempre a mais legal :). No caso foi a de boas vindas. Outra bacana foi a Malassombrada. (Todos os vídeos estão no canal do you tube)

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