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Provas de rua de A a Z

Felipe Bardi, o Bolt brasileiro

Confira entrevista exclusiva com o novo recordista sul-americano dos 100m rasos

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Por Silvia Herrera
Atualização:

Foram 35 anos para um brasileiro quebrar a marca de Robson Caetano da Silva dos 100 metros rasos, recorde sul-americano. E quando abriu a porteira foram logo dois seguidos. Primeiro Erick Cardoso, natural de Piracicaba (SP), estabeleceu a marca de 9:97 no Sul-Americano em São Paulo, em 28 de julho. E há uma semana, em 9 de setembro em São Bernardo do Campo, seu amigo e parceiro de SESI, Felipe Bardi baixou mais um segundo - 9:96. Com isso, os dois já carimbaram o passaporte para a Olimpíada de Paris. Detalhe, os dois treinam com Darci Ferreira da Silva e em 20 de outubro estarão no Jogos Panamericanos, em Santiago do Chile.

 Foto: arquivo pessoal

Bardi nasceu em Americana, interior de São Paulo, em 8 de outubro de 1998. É filho único, começou se dedicar de corpo e alma à corrida já aos 8 anos de idade, quando entrou no projeto social, em sua cidade. Entrou no SESI, aos 15 anos e há dois anos assinou com a ASICS. O velocista compete no alto rendimento há sete anos e há três vem batendo na trave na tentativa da quebra da barreira de correr os 100 metros rasos abaixo de 10 segundos - marca de Robson Caetano, quebrada em uma época com tecnologia escassa. Bardi concedeu entrevista exclusiva para o Blog Corrida para Todos, confira abaixo.

 Foto: Federação Paulista de Atletismo

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Na infância, você já adorava correr? 

Felipe Bardi - Minha infância toda brinquei na rua, subia em árvores, brincava de esconde e esconde, empinava pipa. Era estudar e brincar. Mas sempre gostei muito de correr. Na pipa era eu quem corria atrás dela quando caía, no esconde esconde era eu sempre que vencia.  No começo, minha mãe me colocou na Escolinha de Futebol, e foi nela que descobri que esse esporte não era para mim, não queria ir mais, e pedi para minha mãe para sair. Ela concordou, mas disse que precisa escolher outro esporte. E foi nos jogos escolares, que me destaquei muito e fui indicado para treinar atletismo.

Qual é a profissão de seus pais?  

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Felipe Bardi - Minha mãe é pedagoga, ela teve o olhar para entender que eu era diferente, que fazia coisas diferentes. Meu pai trabalha em supermercado, na logística, na manutenção.

Quem é seu espelho no esporte? 

Felipe Bardi  - Tem um fato engraçado, quando comecei a treinar, em 2008, tinha 9 anos e assisti a Olimpíada de Pequim. Vi Usain Bolt batendo o recorde de tudo. E pensei: Nossa, quero ser igual ele! Naquela época estava começando a entender de jogos olímpicos. Eu já era mais alto e magro do que os outros, e comecei a treinar justamente as provas de velocidade. O Bolt correu a 9:69! Aí no Mundial de Berlim ele fez 9:58!! E pensei: Tenho que ser igual a ele!

Chegou a conhecê-lo pessoalmente?

Felipe Bardi  - Infelizmente não. Quando comecei na profissional, em 2017, foi o último mundial dele, e era da sub 20.

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O que você fez na véspera da quebra do recorde brasileiro dos 100 metros rasos?

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Felipe Bardi  - Eu estava muito tranquilo, dormi muito bem mesmo. O Erick mora comigo e ficamos conversando, relembrando as provas antigas. Resenhando sobre os mundiais de base. Não pensei na prova do dia seguinte. Jantamos e fomos dormir. Acordei muito bem disposto e liguei minha caixinha de som, adoro pagode, fiquei ouvindo Exalta Samba, não parecia nem que eu iria competir.  Como o Erick já tinha quebrado o recorde, essa pressão de correr abaixo de 10 segundos passou. Fui para a pista em São Bernardo do Campo, para competir no Troféu Bandeirantes, moramos em Santo André. Não estava pensando em quebrar o recorde. A lembrança que tenho desse dia, depois de ter quebrado a marca é ter abraçado o Erick. No dia que Erick quebrou o recorde, eu me classifiquei no revezamento e fiquei assistindo, para quem assiste é pior do que para quem corre.  Parece  que o coração vai sair pela boca. E agora, na minha quebra até brinquei: Trinta e cinco anos para alguém quebrar a marca do Robson, e agora já foi quebrada duas vezes em dois meses.

Como fazem a divisão das tarefas domésticas no apartamento?

Felipe Bardi - Moramos em três no apartamento em Santo André, nós dois mais o Lucas Vilar que corre  os 400 metros rasos. Nós dividimos todas as funções,  da cozinha e da limpeza. É uma benção esse apartamento.

 Foto: Felipe Bardi/ASICS

Como foi ter fechado com a ASICS?

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Felipe Bardi -  Foi um sonho, o lema da marca, mente sã corpo são tem muito a ver comigo. Sempre sonhei em ter uma patrocínio de sapatilha (spike) e isso aconteceu há dois anos. A marca chegou e se encaixou como uma luva. No Mundial do Oregon (EUA), no ano passado, conseguimos fazer alguns ajustes na sapatilha e ficou realmente muito boa, muito leve e muito rápida.

E dos tênis de corrida, com seu preferido para usar  fora da pista?

Felipe Bardi - Nimbus 25 para mim é o melhor, não tem igual.  Em segundo lugar o MetaSpeed, e em terceiro o NovaBlast.

Qual seu hobby?

Felipe Bardi - Tenho um hobby muito peculiar, gosta de pescar. Sou um menino do interior, e nos fins de semana gosto de ir pescar nos pesqueiros da região. Gosto também de dirigir, de viajar e de tocar tantan e pandeiro.

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Como está a preparação para a Olimpíada?

Felipe Bardi -  Será minha segunda olimpíada, para Tóquio fiz um camping em São Diego (EUA), e depois em Portugal. Mas para Paris não sei ainda, já competi lá.  E quero aproveitar para agradecer a ASICS pela parceria, ao SESI, e a Marinha, sou terceiro sargento, participo do programa olímpico deles.

 

 

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