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Domingo alvinegro

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O torcedor do Corinthians pode acender pacotes de vela para São Jorge, o padroeiro que já foi rebaixado pela Igreja, recuperou o prestígio e jamais caiu do cavalo. Havia tempo não curtia um domingo tão perfeito, não saboreava um banquete futebolístico. Como prato principal, a equipe surrou o São Paulo por 5 a 0 e se agiganta no Brasileiro. Como acompanhamento, o Palmeiras perdeu para o Ceará por 2 a 0. De sobremesa, o River Plate foi rebaixado na Argentina. Uma congestão de felicidade.Epa, que conversa é essa de River?! Não divaguei e explico. O time hermano não entra aqui de graça, nem foi citado como Pilatos no Credo. Tem a ver. O Fiel com boa memória não engole as sapecadas que levou dos argentinos na história recente da Libertadores. Em 2003, foram duas derrotas por 2 a 1 - e crise. Em 2006, mais duas (3 a 2 e 3 a 1) - e outra crise. Agora, veio o castigo. O River jogará a Segundona pra ver o que é bom. A praga corintiana demorou, mas pegou. River à parte (cair sempre é triste, independentemente do currículo do clube), a empolgação corintiana veio do passeio no Pacaembu. No primeiro tempo, até que se manteve o equilíbrio, com 0 a 0 justo e um tanto frustrante para os 32 mil pagantes que ainda tomaram chuva. No segundo, Danilo abriu a porteira com 1 minuto e depois foi a farra do boi, com mais 4 fora o baile. O São Paulo perdeu o rumo como raramente ocorre.O Corinthians esteve impecável, defendeu-se e atacou com coordenação e mostrou incrível senso de oportunidade. Foi eficiente, ostensivamente agressivo (deu em torno de 30 chutes a gol contra meia dúzia do rival). Uma vitória com sobras, sem nada a contestar. Atuou com direito a olé! e com a pose de candidato ao título. No papel, tem dois pontos a menos do que o líder São Paulo, mas lhe resta o clássico com o Santos. Ou seja, no antigo sistema dos pontos corridos, o alvinegro é o melhor.Há uma atenuante para o São Paulo - se isso serve de consolo. Paulo César Carpegiani se viu privado de uma penca de titulares, dentre eles Juan, Rodrigo Souto, Lucas, Rodholfo, Henrique e, em cima da hora, até Casemiro. Baixas significativas e a serem levadas em conta na análise do confronto. O elenco tricolor é bom, variado; não a ponto de passarem batidos esses desfalques.Carpegiani mesmo assim tratou de surpreender, ao colocar Fernandinho, Marlos e Dagoberto adiantados. Achou que dessa forma intimidaria o Corinthians. Não deu certo. O São Paulo esteve desconjuntado, o meio-campo sumiu e o trio de frente ficou esquecido na maior parte da etapa inicial. Como desgraça pouca é bobagem nesses momentos, ainda veio a expulsão de Carlinhos Paraíba aos 40 minutos. Correta, apesar das reclamações. Bola cantada: o volante tinha levado amarelo pouco antes e, com gramado molhado, dá carrinho para tentar o bloqueio. O juiz fez certo. Cansei de ver times crescerem com um a menos, assim como vi equipes despencarem por causa de um vermelho. Com o São Paulo deu-se a segunda alternativa. O time voltou com a trinca de frente, continuou exposto e bastaram oito minutos para ruir a sequência de cinco vitórias. O golaço de Danilo abalou a convicção tricolor, que desmoronou de vez com o gol de Liedson.A rigor a partida acabou ali. O São Paulo jogou a toalha e o Corinthians percebeu que tinha o controle. Aumentaria a diferença se quisesse, e com naturalidade. Quis e conseguiu. Liedson marcou outros dois e Jorge Henrique fechou a conta, num frango de Rogério Ceni. Goleiros fenomenais também engolem penosas; não é demérito nem vergonha. Gilmar, Taffarel, Marcos, Zoff, Buffon, Barthez foram campeões mundiais e falharam. A cereja do bolo corintiano...O mais animador para o Corinthians é constatar a evolução de titulares, como Júlio César e Danilo, e saber que Tite tem (ou poderá ter) opções como Renan, Alex, Emerson, Adriano. Esse conjunto dará o que falar no Brasileiro. O São Paulo também tem calibre para brigar pela taça, mas se ressente de baixas e ficará mais depenado quando partir o quarteto chamado pela seleção para o Mundial Sub-20. O Santos passará por isso. Sorte do Corinthians. Derrapada verde. O Palmeiras começou bem em Fortaleza, levou dois gols, sumiu em campo e volta pra casa derrotado. Já vi esse filme, Ai, ai, ai. Muito cedo pra descer a ladeira.

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