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Falta identidade

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Por Paulo Calçade
Atualização:

A entrada de Herrera promoveu alteração radical no Botafogo. Com mais movimentação que Louco Abreu, o argentino conseguiu desmontar a ideia de se jogar em função do grandalhão uruguaio. O bom futebol do time de Oswaldo Oliveira e os quatro gols marcados no segundo tempo não são suficientes, entretanto, para explicar uma derrota tão contundente no início do Campeonato Brasileiro.Os gols surgiram de falhas e acidentes do sistema defensivo são-paulino, é verdade, mas escondem um problema maior: a posse de bola. Você já deve ter lido por aqui que ela não é tudo se não houver passe e movimentação.Durante todo o tempo a bola esteve com o Botafogo. Em nenhum momento o São Paulo foi superior, soube controlar as ações da partida e impor o ritmo determinado por ele. A equipe de Emerson Leão tem dificuldade em comandar. Apenas reage.Na quarta-feira passada, o cenário foi parecido. O São Paulo permitiu ao adversário ocupar seu campo, ajudou o Goiás a ter mais controle sobre o jogo do que deveria. Ontem, a posse de bola terminou em 39%, evidenciando um comportamento pequeno demais. O time é vertical, não varia, não trabalha a bola, e quando erra está aberto. Com tanta fragilidade defensiva, a grande dificuldade é manter o perigo distante da área.Modelo. O futebol adotado pelo Chelsea nas partidas contra Barcelona e Bayern de Munique, funciona como alguns remédios: dose única. Em competições mais longas, seria impossível suportá-lo. Serve para algumas situações, como para a Grécia comandada pelo alemão retranqueiro Otto Rehhagel, campeão europeu sobre Portugal de Felipão. E serve agora também para estancar uma crise que já havia desenhado a reformulação do Chelsea para a próxima temporada. Aqui, no futebol brasileiro, é bom tomar cuidado com esses exemplos.Campeão pela primeira vez da Champions, agora o time do bilionário russo Roman Abramovich é refém de seu sucesso. Como demitir o treinador interino Roberto Di Mateo, o mais barato a comandar o time desde a chegada de José Mourinho em 2004, passando por Guus Riddink, Felipão, Carlo Ancelotti e André Villas Boas? O estilo do Chelsea, diga-se, não é uma aberração. A avaliação do rendimento depende muito do seu olhar, da maneira como você se relaciona com a vida e, consequentemente, com o futebol. A retranca pode ser prazer ou tortura. A marcação, sempre necessária, não deve ser o único valor de uma equipe. Sorte do Chelsea que também tinha Drogba, capaz de empatar o jogo no único escanteio conquistado nos 120 minutos da final em Munique. O problema é que temos muitos treinadores acomodados com a importação de modelos, aguardando estímulos para refleti-los em suas equipes. O 3-5-2 que era usado lá, vira moda aqui. E assim vai.Como diz Luís Fabiano, referindo-se ao São Paulo, um time precisa ter personalidade, identidade.

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