PUBLICIDADE

Fantasmas lotam o Maracanã

Nos jogos, milhares de pessoas entram sem pagar. 'É a farra do boi??, diz Márcio Braga

PUBLICIDADE

Rio - O torcedor que enfrenta as bilheterias do Maracanã tem se espantado quando o locutor anuncia os públicos presente e pagante. Motivo: o número dos que não pagam ingresso para assistir aos jogos no estádio é no mínimo estranho. No clássico entre Fluminense e Vasco, realizado domingo, quase 10 mil pessoas não desembolsaram nenhum centavo para acompanhar a partida. Um dia antes, Flamengo e Sport bateram o recorde de público do Campeonato Brasileiro, com 51.552 pagantes. No entanto, havia no Maracanã 61.250 torcedores, ou seja, 9.698 entraram de graça. "Isso é um absurdo, uma verdadeira evasão de renda. E é por isso que o Maracanã vai ser privatizado. A gente leva prejuízo de pelo menos R$ 40 mil por jogo", protestou o presidente do Flamengo, Márcio Braga. Ele informou que o clube vai participar da licitação do estádio, que deve sair no fim de outubro. "Se ele for nosso, a farra do boi vai acabar." De acordo com a diretoria rubro-negra, a Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro (Ferj) ganha 1.800 bilhetes por partida graças a uma parceria com a Superintendência de Desportos do Rio de Janeiro (Suderj), a administradora do estádio. Desse total, segundo Márcio Braga, a maior parte fica com a entidade. "É mais um absurdo de uma federação envolvida em crimes como formação de quadrilha, estelionato, falsidade ideológica e fraude processual", disse. A Ferj rebateu a acusação. "Os clubes são os responsáveis pelos ingressos e os distribuem à vontade", disse seu vice-presidente jurídico, Cláudio Mansur. Ele garantiu que a entidade não recebe mais do que 200 "cortesias" por jogo. "O Márcio Braga é um boquirroto, perdedor, fanfarrão e ataca os outros para esconder seus problemas." Mansur reconheceu como "acima da expectativa" a diferença entre público pagante e presente no Maracanã na temporada. "Está demais, estranho mesmo." Aliado político do Flamengo contra a Ferj, o Botafogo não acredita em responsabilidade da entidade. "A federação nada tem a ver com isso. Ela, os clubes e a Suderj ganham ingressos (não disse quantos). Todo mundo tem um pouco de culpa", afirmou o vice-presidente de Futebol do clube de General Severiano, Carlos Augusto Montenegro. Já para o secretário de Esporte e Lazer e também presidente da Suderj, Eduardo Paes, parece não haver problemas. "São distribuídos aos clubes, à Suderj e à Ferj cerca de mil cortesias, em média, por jogo. O estádio agora está mais organizado. No início, eu me assustava com essa discrepância. Mas depois pedi que detalhassem o que ocorria e constatei que não há caronas." Desde o dia 26, data do confronto entre Flamengo e Goiás, a secretaria informa, nos telões e no sistema de som, o público e a renda dos jogos. No clássico Fluminense e Vasco, por exemplo, a secretaria divulgou que a Ferj, a Suderj e os dois clubes receberam ao todo 1.902 convites de "cortesia". Possuem direito à gratuidade idosos, portadores de necessidades especiais, menores de 12 anos, além de donos de cadeiras cativas e freqüentadores de camarotes, tribuna de honra e tribuna desportiva. UM JOGO NO ESTÁDIO 50.548 foi o público total da partida entre Fluminense x Vasco, domingo 40.871 foi o público pagante 9.677 pessoas não pagaram ingressos 19,14% dos presentes entraram no estádio sem pagar 1.633 eram idosos 3.152 eram menores 1.902 receberam ingressos de cortesia

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.