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Árbitros e auxiliares vão mal em avaliação da CBF

Para Arnaldo Cezar Coelho, comentarista da TV Globo, pesquisa comprova que 'nível está muito baixo'

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Os árbitros brasileiros não conhecem suficientemente as regras do futebol. A constatação é da própria Confederação Brasileira de Futebol (CBF), que publicou em seu site os resultados de uma avaliação teórica feita com 416 árbitros e auxiliares.  Veja também: Protestos contra arbitragem não estão restritos à Série A Como conseqüência dessa realidade alarmante, a Comissão de Arbitragem da CBF afastou 36 deles (ou 8,6% do total), que tiraram notas abaixo de 5 na prova. Foram considerados "reprovados para o restante das competições" e não trabalham mais em competições organizadas pela entidade em 2007 (Séries A, B e C). Outros 60 árbitros e bandeirinhas (14,4%), que tiraram notas entre 5 e 5,5, acabaram afastados dos sorteios. E só poderão voltar a trabalhar se conseguirem uma nota superior a 7 na próxima avaliação, a ser realizada na semana que vem. Apenas um quarto dos árbitros e auxiliares (24,9%) conseguiu aprovação com notas entre 6 e 6,5, o que os permitirá seguir atuando normalmente. Mas também terão de conseguir pelo menos 7 na próxima avaliação. E 45,1% do total de árbitros e auxiliares, portanto menos da metade, tirou nota 7 ou acima. Isso porque ainda não estão computadas as notas dos Estados do Acre e do Amapá, que representam 7% do total. A prova, realizada em agosto, continha 20 questões de múltipla escolha, com quatro alternativas de resposta, sobre regras do esporte. O pior do levantamento é que as perguntas não eram nada complexas: eram coisas do tipo qual a distância entre a marca do pênalti e a linha de fundo, o tempo de intervalo de uma partida oficial e o que configura um impedimento. Nem assim a maioria dos árbitros soube responder corretamente. A apuração da CBF sai num momento em que muitos clubes questionam a qualidade dos árbitros e auxiliares do Campeonato Brasileiro. Quase não há equipe que não tenha se sentido prejudicada em algum momento da competição. O presidente interino da Comissão de Arbitragem da CBF, Sérgio Corrêa da Silva, não foi localizado para comentar os resultados da avaliação. Seu celular estava desligado e os recados gravados pela reportagem não foram respondidos. O ex-árbitro e hoje comentarista da TV Globo Arnaldo Cezar Coelho diz que a pesquisa comprova apenas o que já se sabia: "O nível está muito baixo." Para Arnaldo, que apitou a final da Copa do Mundo de 1982, entre Itália e Alemanha, os atuais árbitros e auxiliares não estão lendo o suficiente. "Eu sei que a CBF e as federações imprimem muito livro, colocam muita coisa na internet, mas o pessoal não está lendo", afirmou. O gaúcho Renato Marsiglia, também ex-árbitro e hoje comentarista de TV, afirma que as falhas estão na base. "O árbitro é mal formado nas federações estaduais. A situação é preocupante", comentou. "Os bons árbitros estão concentrados em poucos lugares, justamente onde o futebol é melhor." Mas, segundo a Agência Estado apurou, a realidade não é bem essa. Os árbitros e auxiliares de Santa Catarina, que está longe de ter um campeonato estadual forte, obtiveram a melhor média da prova da CBF: 8,87. São Paulo aparece em segundo lugar, com 8,83. Goiás ficou com a terceira melhor nota, 8,73. Foram os únicos três estados com média superior a 8. Em seguida, aparecem Minas Gerais (7,87) e Pernambuco (7,12). Todos os demais estados tiveram nota abaixo de 6. O Rio de Janeiro aparece numa incômoda 18ª posição, com nota média de 6,13. O Mato Grosso do Sul está em último lugar, com 5,50, atrás de Amazonas (5,61), Bahia (5,63) e Mato Grosso (5,72). "Falta muito estudo da regra", lamentou o coronel Marcos Marinho, presidente da comissão de arbitragem da Federação Paulista de Futebol (FPF). "O árbitro precisa estar com a regra e as recomendações na cabeça, para saber como atuar e não ser surpreendido na hora que o lance acontece."

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