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Casa antiga era QG da "máfia"

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Por Agencia Estado
Atualização:

No centro de Piracicaba, a simplicidade de uma casa construída nos anos 50 serviria de cenário perfeito para encobrir acertos da Máfia do Apito. Era no ?simples clube de carteado?, segundo a definição do gerente do estabelecimento, Antonio Sales de Oliveira, que se encontravam, periodicamente, Nagib Fayad e o advogado Daniel Gimenes, supostos coordenadores da operação. ?O endereço surgiu em conversas telefônicas gravadas durante a investigação?, revelou o promotor do Gaeco, Roberto Porto. ?Há indícios de que naquele local era feita boa parte das apostas. Lá também seriam definidos procedimentos a serem adotados pela quadrilha.? O imóvel modesto ? quatro cômodos, piso de taco gasto, algumas cadeiras velhas e duas mesas para jogos de baralho ? seria usado como fachada para as atividades de Armando Dedini Cenedese, o Saponga, dono do site Futbet, também utilizado como meio para as apostas e fora do ar desde o início do escândalo. O nome de Armando surgiu várias vezes nas 20 mil horas de conversas grampeadas e ainda nos depoimentos prestados pelos envolvidos no esquema. ?Esse tal de Armando eu conheço, mas nunca veio para cá. Aqui o pessoal faz apenas uns joguinhos bobos de tranca, ninguém aposta nada?, contou Antonio Sales, de 50 anos, que afirma peremptoriamente não ter cedido seu ?clube? para atividades ilegais. ?Eu pago 390 contos de aluguel aqui, moço, a casa nem é minha. Só ganho uma ajudinha do pessoal que vem jogar, coisa de 5, 10 contos. Nunca fiz nada de errado?, defendeu-se. Até então, o tal Saponga surgia apenas como Armando nas investigações ? sem sobrenome ?, o que levou à conclusão precipitada de que se trataria do ex-presidente da Comissão de Arbitragem da Confederação Brasileira de Futebol, Armando Marques. ?Imagina, não tem o menor sentido isso?, garantiu Porto. Representante da família Dedini, uma das mais tradicionais da cidade, Saponga não foi encontrado pela Agência Estado. Um vizinho próximo do tal clube de carteado, na rua Alferes José Caetano, diz que ?contra essa pessoa há acusações de todo o tipo na cidade?. ?Coordenar o jogo do bicho é a mais amena delas.? Nagib Fayad e Daniel Gimenes foram procurados para se defender, mas não retornaram as ligações. Dedini Cenedese deve ser indiciado por estimular jogos de azar. No entanto, para os investigadores do Gaeco e da Polícia Federal, ainda não pode ser considerado integrante da quadrilha. ?Até o momento, ele aparece apenas como dono do site e coordenador da tal casa de apostas. O que sabemos é que ele mais perdeu do que ganhou com esse esquema de manipulação de partidas, saiu no prejuízo?, explicou o promotor Roberto Porto.

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