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Enquanto voluntários da Fifa elogiam trabalho, os do governo reclamam

Quem ajudou entidade ligada ao futebol tinha melhores condições de trabalho dos que ajudaram o governo

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Por PAULO FAVERO - Enviado especial

SALVADOR - Sempre nos intervalos das partidas na Fonte Nova, o locutor oficial da arena pedia aplausos para os voluntários. E o público fazia o gesto com entusiasmo. Figuras importantes no esquema de trabalho da Fifa, os voluntários vieram de várias partes do mundo e de diversas regiões do Brasil para ajudar na Copa das Confederações. Ganharam tênis e uniformes da adidas, beberam coca-cola, tiveram vales para fazer as refeições, receberam coisas das outras patrocinadoras do torneio e trabalharam como se recebessem salários.Das 99.172 pessoas que preencheram o formulário da Fifa, 5.652 foram aceitas sendo que 265 vieram do exterior. A francesa Veronique Michelle, de 42 anos, decidiu vir ao Brasil e foi o escolhida para ficar em Salvador. O fato de falar português, inglês, francês, alemão e espanhol pesou na sua escolha. "Fiz o teste na internet e fui chamada. Como trabalho com finanças, tive de tirar férias para poder estar aqui. Na Europa as empresas incentivam isso."Ela explica que quando foi realizada a Copa na África do Sul, ela estava no Brasil a passeio e se encantou. "Eu percebi um ambiente incrível entre os brasileiros. Depois, uma prima foi voluntária nos Jogos Olímpicos de Londres e falou que foi uma experiência bacana. Resolvi arriscar", diz a moça, que estava sempre na Fonte Nova pronta para ajudar as pessoas diante das dificuldades.Veronique trabalhou ao lado de pessoas da Letônia, Egito e outros países. Um de seus companheiros foi Paulo Ungar, 39 anos, que nasceu em Budapeste, na Hungria, mas vive no Brasil desde pequeno. "Eu sou de uma família de sobreviventes do holocausto. Quis dar uma contribuição para o país que nos acolheu tão bem", disse o administrador de empresas.Decepção. Fora do "padrão Fifa" de voluntariado, houve um processo similar feito por governos federais, estaduais e prefeituras. Mas parte dos selecionados ficou insatisfeita. Francisco José e Islania Rafaela Pereira foram aceitos pelo governo federal para atuar fora do estádio ajudando os torcedores."Ganhamos uma camiseta, um boné, um crachá e uma bolsa, além de R$ 15 por dia de ajuda de custo por quatro horas de trabalho. Não tem lanche, não tem água, ficamos ao sol e não podemos entrar no estádio. Não vi nenhum jogo aqui no Castelão", desabafa Islania. O amigo Francisco concorda. "Na Copa vamos tentar ser voluntários novamente, mas pela Fifa. As condições de trabalho são bem melhores", conclui o rapaz, que sonha com uma das 15 mil vagas para 2014.

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