Os advogados do meia Héverton, ex-Portuguesa e hoje no Paysandu, solicitaram nesta sexta-feira ao Ministério Público de São Paulo uma cópia do inquérito do “caso Lusa” para anexá-lo ao processo por danos morais movido pelo jogador contra o clube paulista. Como o MP revelou que foi premeditada a escalação irregular do meia no último jogo do Brasileirão 2013, os advogados afirmam que o prejuízo à imagem do jogador se tornou ainda mais flagrante. A indenização pedida é de 200 vezes o último salário (R$ 65 mil), o que totaliza R$ 13 milhões. “O Héverton foi uma vítima e não teve envolvimento algum no caso. Ele era funcionário do clube e simplesmente acatava as ordens. Mesmo assim, acabou dando nome para um escândalo do futebol brasileiro”, afirma o advogado Juliano Tetto.
O processo está em andamento, e testemunhas dos dois lados serão ouvidas. A favor do jogador, por exemplo, o meia Souza será ouvido na semana que vem em Fortaleza. Ele também está em litígio com o clube. Juliano Tetto solicitou também cópias do relatório da Comissão de Ética da Portuguesa, que investiga internamente o caso. O órgão decidiu afastar preventivamente o ex-presidente Manuel da Lupa de suas funções no Conselho Deliberativo até a conclusão do relatório.
Por causa da escalação irregular de Héverton, a Portuguesa foi punida com a perda de quatro pontos e acabou rebaixada para a Série B no final do ano passado – depois ainda caiu para a Série C. O jogador cumpriu seu contrato até o dia 31 de dezembro e se transferiu para o Paysandu. No início deste ano, chegou a anunciar a aposentadoria por causa do episódio, mas voltou atrás.
As investigações do MP apontam que, antes do último jogo de 2013, funcionários da Portuguesa prepararam uma pasta com as informações sobre jogadores suspensos e pendurados para a comissão técnica. Isso era feito em todas as partidas. A pasta, no entanto, não trazia a suspensão de Héverton. De acordo com o MP, o treinador Guto Ferreira e o jogador não sabiam da irregularidade.
Héverton não quis comentar o processo contra o ex-clube, pois vai disputar a primeira partida da final do Campeonato Brasileiro da Série C, domingo, contra o Macaé, no Rio de Janeiro. Ele será titular. Segundo o advogado, o meia quer se manter concentrado na decisão. “Ele ainda está chateado com o que aconteceu, mas agora defende outro clube e está centrado no jogo”, diz Tetto.
Além do valor por danos morais, Héverton ainda pede na Justiça uma longa lista de obrigações trabalhistas que a Portuguesa não teria cumprido, como luvas (valor pago no início do contrato) de R$ 200 mil, verbas rescisórias, os três últimos meses de salários e premiações.
O processo movido por Héverton é apenas mais um na longa lista de pendências financeiras da Portuguesa, que vive uma crise sem precedentes desde que foi rebaixada para a Série B.O descenso também prejudicou o clube dentro de campo: foram apenas três vitórias em 33 jogos e nova queda, agora para a Série C.
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.