Publicidade

'Novo rei do Rio', Gabigol ganha sósia mirim e vira ídolo no Flamengo

Maior goleador do clube na história do Brasileirão, já com 22 gols, atacante se torna referência para jovens torcedores por todo o Brasil

PUBLICIDADE

Por Marcio Dolzan/RIO
Atualização:

Na iminência de ganhar o título brasileiro e a seis dias de enfrentar o River Plate na final da Libertadores, o Flamengo é o time do momento. Nas ruas do Rio de Janeiro, é possível ver alguém vestindo a camisa rubro-negra a cada quadra da cidade. O Maracanã, em jogos do time, sempre lota, e as rendas ajudam a encher os cofres do clube. O flamenguista vive um momento mágico, como há muito não se via. O time de Arrascaeta, Everton Ribeiro e Bruno Henrique está sobrando. Mas é outro jogador que hoje é a cara do Flamengo: Gabriel Barbosa ou simplesmente Gabigol.

Artilheiro do Brasileirão, Gabriel alcançou neste domingo um feito até então só registrado por Zico, o maior ídolo da história do Flamengo, ao marcar 21 gols numa mesma edição do campeonato. Eles estavam empatados no recorde, mas com o gol feito diante do Grêmio, de pênalti, Gabigol assumiu a dianteira nessa conta e agora tem 22 gols.

Boa fase de Gabigol no Flamengo faz com que torcedor resolva imitá-lo Foto: Wilton Junior/Estadão

Os bons números, frutos de um futebol agudo e objetivo nas cercanias da grande área, fazem de Gabriel Barbosa o novo "Rei do Rio", título que mais recentemente pertenceu a outros dois jogadores de respeito: Romário e Renato Gaúcho. Os cartazes "Hoje tem gol do Gabigol" já são um clássico do Maracanã. Ocorre que eles estão se espalhando para fora do estádio, nas esquinas, botecos e dentros de ônibus. A comemoração característica, demonstrando força ao dobrar os dois braços, é sucesso entre a garotada. A vontade de imitar o ídolo é tanta que até o corte e a cor do cabelo do atacante está virando moda entre adultos e crianças. Os sósias se multiplicam pela cidade.

Semrush, empresa especializada em marketing digital, divulgou o ranking dos 10 jogadores mais buscados na internet entre janeiro e setembro deste ano. Gabigol, com 217 mil buscas mensais, lidera a lista. Foto: Sergio Moraes / Reuters

Mais recentemente, começaram a surgir sósias mirins. Com apenas oito anos, Vitor Bonini está ganhando fama nas redes sociais como o "Mini Gabigol". Com corte de cabelo parecido, maquiagem para desenhar a barba e até tatuagens – dessas que saem com a água, frise-se – espalhadas pelos braços e pescoço, o garoto deixou de ser mais um torcedor do Flamengo entre os 50 mil que tem ido ao Maracanã com frequência para ser um dos mais procurados para fazer foto.

Vitor Bonini está ganhando fama nas redes sociais como o “Mini Gabigol” Foto: Wilton Junior/Estadão

PUBLICIDADE

"Quando o Gabigol faz gol, eu o imito", diz Vitor. Na quarta-feira passada, horas antes de o clássico com o Vasco começas, aquele do 4 a 4, o menino conversou com o Estado enquanto era maquiado pela mãe, a estudante Débora Nascimento. "Ainda não me encontrei com ele, mas esse é meu maior sonho. Queria ficar perto do Gabigol e tirar uma foto ao seu lado", disse o garoto.

Vitor joga em uma das escolinhas do Flamengo, em Seropédica, no Grande Rio. Ele atua na zaga ("é raçudo!", garante a mãe), mas às vezes é escalado no ataque, na mesma posição do ídolo. "Eu jogo onde o time precisa", assegura o Mini Gabigol.

Mãe de Vitor é a responsável por maquiar o garoto Foto: Wilton Junior/Estadão

Virar sósia mirim "do cara" do Flamengo no momento, porém, tem seus custos. "Todas as semanas ele tem de ir ao cabeleireiro retocar a pintura do cabelo clareado", ressalta a mãe. Outro gasto é com as tatuagens, que passaram a ser usadas mais recentemente. "A gente gasta uns R$ 50 por semana", diz Débora, que explica ainda que em geral a barba é pintada pelo pai, o bancário Thiago Bonini.

Publicidade

Vitor joga nas escolinhas de futebol do Flamengo Foto: Wilton Junior/Estadão

Segundo a mãe do garoto, a razão de transformar o filho no sósia mirim do atacante do Flamengo é simplesmente atender a um desejo do próprio filho. "A gente entrou na fantasia dele", explica. Ela criou um perfil no Instagram em que posta fotos de Vitor imitando o ídolo do clube. "Muita gente nos chama por lá para pedir para fazer foto com ele. O mais legal é que, até pouco tempo atrás, o Vitor não gostava de aparecer em fotos, mas agora está curtindo."

O fenômeno Gabigol também arrebata fãs mirins de outros Estados brasileiros. Na partida contra o Grêmio, domingo passado, o jogador foi cercado por garotos gremistas e bastante ovacionado. Ele chegou a dar uma camisa para um dos meninos.

Arthur Bottura Moreira, de 7, saiu de Londrina, no Paraná, na terça-feira para assistir com a mãe e a avó ao clássico com o Vasco, no dia seguinte. Na quarta pela manhã, com o cabelo devidamente pintando de loiro, ele foi até a frente do Maracanã buscar por uma camisa do atacante rubro-negro.

"Ele faz muito gol. É o jogador que mais quero conhecer no mundo", diz o menino. A mãe, Franciane, dá corda, mesmo sendo torcedora do Palmeiras - o único time ainda em condições de tirar o título da Gávea este ano. "Eu gosto dessa idolatria do Arthur. Futebol é um esporte e isso leva as crianças para o bem."

PUBLICIDADE

Por incrível que pareça, o grande momento de Gabriel Barbosa no Flamengo também é comemorado por alguns torcedores de seus maiores rivais. É o caso do vendedor ambulante Renan Moraes, que é torcedor do Fluminense e vende camisas com o nome do atacante rubro-negro em frente ao Maracanã. Preço popular. "Entre os turistas brasileiros, vende mais do que a camisa do Pelé", revela. "Vou falar o quê? Não vou vestir a camisa dele, mas tenho de trabalhar, né?"

Quando Romário e Renato Gaúcho foram eleitos extra-oficialmente "Reis do Rio", em momentos distintos, eles também foram aclamados pelos torcedores. No caso de Renato, quem fazia a festa era a torcida do Fluminense. A vez agora é de Gabigol, curiosamente um jogador que cresceu em São Paulo e fez fama no Santos ante de ganhar o mundo e o Rio de Janeiro.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.