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Show de Roberto Carlos, grama de R$ 6,5 milhões e ‘superapp’: os planos da reabertura do Pacaembu

Estádio será reaberto em abril, com apresentação do cantor, e pretende ser o mais importante centro de esporte, lazer e entretenimento de São Paulo

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Foto do author Ricardo Magatti
Por Ricardo Magatti
Atualização:

Marcada anteriormente para 25 de janeiro, aniversário de São Paulo, a reabertura do Pacaembu ganhou nova data e o estádio entrou na reta final das obras. A previsão da Allegra Pacaembu, concessionária detentora da outorga do complexo esportivo por 35 anos, é de que o espaço seja reaberto com um show do cantor Roberto Carlos em 19 de abril e receba jogos de futebol a partir de junho.

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O show do cantor está marcado no centro de convenções, que terá capacidade para receber 8,5 mil pessoas, mas a apresentação será com público reduzido, de 2,8 mil. A reinauguração do equipamento será feita em fases. A empresa que administra a Mercado Livre Arena Pacaembu, como passou a ser chamado o estádio após a venda dos naming rights para a gigante argentina do varejo por R$ 1 bilhão, planeja outros eventos para abrir diferentes espaços.

Está nos planos da concessionária que a pista de atletismo, com seis raias, seja entregue até o início de maio. Depois, deve ser a vez da nova piscina. A empresa tem feito parceria com confederações para ampliar, para além do futebol, o uso esportivo do complexo, resgatando a prática das modalidades olímpicas no local.

A piscina deve receber competições estaduais e nacionais de natação, nado artístico e polo aquático. A pista de atletismo, que será novamente instalada no complexo em volta do campo de futebol, será utilizada em competições de pista, como provas de meio-fundo e fundo, além de desafios de velocidade e outras atividades. Há ainda a previsão de parceria para recuperação de atletas da seleção brasileira no centro de medicina esportiva que existirá dentro do edifício multifuncional em fase de construção.

Estádio do Pacaembu terá jogos de futebol em junho, segundo concessionária que administra o local Foto: Tiago Queiroz/Estadão

O responsável por costurar esses acordos é Bruno Souza, contratado em 2022 para ser o diretor da Allegra. Ele foi capitão da seleção brasileira de handebol e disputou dois Jogos Olímpicos, de Atenas-2004 e Pequim-2008. O ex-atleta diz que a ideia é que o Pacaembu seja o mais importante centro de esporte, lazer e entretenimento de São Paulo.

“A gente tem procurado fazer parcerias com as confederações para mostrar para a população como o equipamento pode ser amplamente usado. No intervalo de um jogo de futebol, dá para organizar uma corrida de fundo de atletismo”, afirma o diretor. Seu pensamento é de que são muitas as possibilidades de eventos esportivos, culturais e de entretenimento no espaço.

“Tivemos uma procura da Confederação Brasileira de Tiro com Arco para poder fazer uma competição aqui no gramado. Não gasta e nem maltrata o gramado, você tem um lugar para você atirar a 70 metros. Se você colocar um tablado, dá para fazer uma competição de hipismo, dá para montar várias quadras de tênis. Dá para fazer tudo um pouco”, avalia. “A gente nasce já com a prerrogativa de ser multiuso, obviamente, respeitando a história do futebol aqui”.

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O plano do líder do consórcio vencedor da concessão é utilizar o Pacaembu em sua plenitude e reter os visitantes mais tempo no complexo, com ações de marketing e oferta de restaurantes e bares que não havia anteriormente no local. A intenção da Allegra era receber em 450 eventos em 2024, considerando todas os sete espaços reservados para atividades que o conjunto vai abrigar, desde o salão nobre, passando pelo centro de convenções, até o campo, com capacidade para 40 mil pessoas em apresentações musicais e para 25 mil em jogos de futebol. No entanto, o número será reduzido já que a reabertura foi adiada de janeiro para junho.

“O que a gente quer é potencializar o uso do complexo, o fluxo de pessoas e permanência dessas pessoas aqui no estádio, seja ela comendo, fazendo atividade”, resume o diretor da empresa.

Novo Pacaembu não terá alambrado e manterá cadeiras nas arquibancadas centrais Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Gramado sintético de R$ 6,5 milhões

No Novo Pacaembu, os torcedores não terão alambrado para se apoiar e verão a bola rolar em um gramado sintético importado dos Estados Unidos, que custou R$ 6,5 milhões e deve terminar de ser instalado até o fim deste mês de março.

O campo é semelhante ao do Engenhão, estádio do Botafogo, e tem cortiça importada de Portugal. Trata-se do mesmo material que foi posto no Allianz Parque depois que o antigo composto termoplástico derreteu. A empresa fornecedora do piso é brasileira, mas os fios da grama são dos Estados Unidos.

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“Seria complicado gramado natural aqui, como em qualquer equipamento moderno hoje no mundo. A gente analisou o CT do Milan, do Cruzeiro, do Botafogo, os centros de treinamentos dos times que disputam a Major League Soccer”, conta Souza, segundo o qual, dependendo do cuidado e manutenção, o campo sintético dura de cinco a dez anos.

Já há acordo para que Cruzeiro, São Paulo e Santos joguem no Pacaembu. O time da Baixada, que não terá a Vila Belmiro por um tempo depois que começar a reforma, assinou na terça uma carta de intenções para a utilização do local. Outras equipes buscam parceria com o consórcio, que propõe como modelo ideal a divisão das receitas entre a concessionária e o clube, num formato em que os dois sejam sócios. Não deve haver, portanto, o tradicional aluguel do estádio.

Gramado do Pacaembu será sintético e custou R$ 6,5 milhões Foto: Tiago Queiroz/Estadão

“Vão vir mais acordos. A gente tem procura e prefere a capilaridade de muitos clubes usarem o Pacaembu do que só um”, diz Souza. O próximo a chegar a um acordo pode ser o Botafogo. “Em conversa com o Botafogo, eles mostraram o desejo de fazer um jogo histórico com o Santos, como acontecia antigamente”, revela.

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Sai a carteirinha, entra o aplicativo

Antes da concessão à iniciativa privada, os usuários do Pacaembu tinham carteirinhas para usar o complexo, incluindo o ginásio, quadras de tênis e piscina. Esse modelo será revisto pela concessionária, que vai lançar um aplicativo para quem quiser frequentar o espaço e receber informações relacionadas ao estádio.

“Sai aquele modelo da carteirinha e entra o modelo de cadastro no aplicativo do Pacaembu. Vai haver marcação de horário. Será um controle um pouco diferente, um pouco maior”, explica Souza. De acordo com o diretor, está sendo desenvolvido um “superapp”, que concentrará todas as informações do novo Pacaembu. Não está definido, mas o plano é instalar catracas com reconhecimento facial para acessar o local. “O melhor não depende só da gente, o melhor depende da sensação e da experiência que cada um vai ter aqui”.

Prédio multifuncional com hotel de luxo ocupará espaço onde ficava o tobogã Foto: Tiago Queiroz/Estadão

O complexo é tombado, portanto, nenhuma estrutura dentro dele pode ser descaracterizada, menos a área onde ficava o Tobogã, demolido porque ele não fazia parte do projeto arquitetônico original. No lugar da arquibancada, está sendo erguido um prédio multifuncional com um hotel de luxo, centro de reabilitação esportiva, cafés, restaurantes, escritórios, um mercado gastronômico, um centro de convenções e eventos e um novo espaço para até 8,5 mil pessoas no subsolo do Pacaembu. São cinco andares e mais quatro subsolos.

Na cobertura deste novo empreendimento haverá ainda uma praça elevada com acesso lateral para as ruas Desembargador Paulo Passaláqua e Itápolis, que cercam todo o complexo e a praça Charles Miller. O ginásio, a quadra de tênis e o complexo aquático também estão sendo reformados e restaurados.

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