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Comércio de Salvador não se beneficia com Copa das Confederações

Lojistas reclamam que os feriados nos dias de jogos atrapalharam as tradicionais vendas do São João

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Por Vitor Vill

 

Lojas estão cheias de produtos para a copa encalhados (Vitor Villar/Seleção Universitária) Foto: Estadão

Vitor Villar - Seleção Universitária - especial para o Estado

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SALVADOR - Ao contrário do que se imaginava, o comércio de Salvador não foi plenamente beneficiado com a passagem da Copa das Confederações. Lojistas da capital baiana reclamam que os feriados decretados para os dias de jogos e as manifestações que aconteceram na cidade acabaram prejudicando as vendas previstas para junho.

Antes do torneio, o Sindicato de Lojistas do Comércio do Estado da Bahia (Sindilojas) esperava um crescimento de 4% nas vendas do mês em relação ao ano anterior. O crescimento, no entanto, não chegou sequer à metade disso. "Podemos dizer tranquilamente que o crescimento foi de zero por cento. Algumas lojas saíram até no prejuízo, porque investiram alto e não tiveram o retorno esperado", afirma o presidente do sindicato, Paulo Motta.

Segundo ele, o maior obstáculo para as vendas foram os feriados decretados pelo município para os dias 20 (quarta-feira) e 22 (sábado), quando a capital baiana recebeu os jogos pela primeira fase do torneio. "O jogo do dia 20 (Uruguai e Nigéria) não tinha qualquer apelo para o público daqui, e só começaria às 19h, então não fazia sentido nenhum decretar feriado, foi uma decisão arbitrária", alega Motta, que reclama de não ter sido procurado pela prefeitura antes da decisão ser tomada.

O decreto, somado ao feriado de São João no dia 24, deixou Salvador com quase cinco dias sem atividades, entre os dias 20 e 25 de junho. A reclamação dos comerciantes é que o recesso aconteceu na véspera da festa junina, período em que as compras tradicionalmente crescem na capital baiana. Como o anúncio aconteceu em cima da hora, as pessoas não tiveram tempo para anteciparem as compras e os lojistas também não tiveram como se planejar.

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"Fomos completamente arrebentados por conta desse recesso prolongado. É difícil dizer de quanto foi o prejuízo, mas se não houve uma venda produtiva em junho, como é tradicional, os comerciantes certamente ficaram frustrados", explica Motta.

Segundo o presidente, outros motivos também influenciaram no fraco desempenho. "As manifestações fizeram com que as lojas fechassem mais cedo. Os consumidores ficaram receosos de virem às compras", diz. "As exigências da Fifa também trouxeram limitações para a mobilidade urbana, principalmente na região próxima à Arena Fonte Nova, onde existem cerca de 1500 lojas que encontraram muitas dificuldades para funcionar", completa.

Um desses pontos citados pelo presidente é a Avenida Joana Angélica, principal rota de acesso ao lado norte da Arena Fonte Nova. Proprietária de uma loja de variedades há cerca de 200 m do estádio, Carine Sodré Dias lamenta o desempenho das vendas durante o mês de junho. "Foi um mês muito ruim, tivemos inclusive uma queda significativa em relação ao mesmo período no ano passado", explica.

Nem os produtos ligados à Copa das Confederações, como bandeiras, camisas, cornetas e outros acessórios, escaparam do prejuízo. Carine conta que investiu pesado nesse tipo de mercadoria, mas obteve um resultado bem abaixo do esperado. "A gente esperava que a torcida fosse se animar mais com o torneio. Ainda bem que dá para guardar tudo e voltar a vender em 2014", lembra.

Ela também aponta o recesso como grande obstáculo para as vendas. "No início não havia muita confiança na seleção e as pessoas estavam comprando pouco. Quando o Brasil começou a melhorar na copa, vieram os feriados e não pudemos vender os acessórios", conta. "As manifestações também atrapalharam bastante, teve dia que fechamos ao meio-dia", completa Carine, que teve a fachada do seu estabelecimento pichada durante os protestos.

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