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F-1: Drugovich encontra Mônaco do ‘rei Senna’ com ambição de suprir carência brasileira por ídolos

‘Brasil precisa de alguém para chegar à F-1 e tentar ser melhor do que os que já estiveram lá antes’, diz o piloto reserva da Aston Martin ao ‘Estadão’ antes do GP de Mônaco; veja vídeos

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Foto do author Marcos Antomil
Por Marcos Antomil

Felipe Drugovich não viu Ayrton Senna nas pistas. Aos 23 anos, o paranaense, reserva da Aston Martin na Fórmula 1 e apontado como o mais promissor piloto brasileiro dos últimos anos, se coloca uma missão na categoria: suprir a carência de ídolos do País na categoria máxima do automobilismo. Para isso, ele conta com um experiente professor, o espanhol bicampeão mundial Fernando Alonso, com quem aprende todos os dias.

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Neste fim de semana, Drugovich está em Mônaco para acompanhar o GP mais tradicional do calendário da F-1. Foi no Principado que Senna fez história, subiu no lugar mais alto do pódio em seis ocasiões (1987, 1989, 1990, 1991, 1992 e 1993) e deixou um legado. Depois dele, nenhum outro piloto brasileiro conseguiu conquistar um título.

O jovem piloto, natural de Maringá, quer ser lembrado pela sinceridade, ambição de obter uma vaga na categoria pelas próprias forças e, assim, conquistar o que nenhum outro brasileiro conseguiu nos últimos 29 anos, desde a morte de Senna. Ele sabe que o caminho não é fácil. Mas está no jogo.

Felipe Drugovich Foto: Leandro França/ Divulgação XP

Quero ser lembrado como um cara sincero, que esteve na Fórmula 1 por ele mesmo e representou o Brasil. O País precisa de alguém para ter essa sinceridade de chegar lá, ‘quebrar a cara’ e tentar ser um piloto melhor do que os que já estiveram antes. Quero fazer o meu melhor.

Felipe Drugovich, em entrevista exclusiva ao Estadão.

Senna ostenta a marca de ser o maior vencedor do GP de Mônaco, à frente de Michael Schumacher e Graham Hill, ambos com cinco vitórias na Fórmula 1. Drugovich também já conquistou resultados expressivos no circuito em sua trajetória na F-2. O jovem subiu nos três lugares do pódio. Em 2022, ganhou a prova principal e obteve as demais posições em 2021.

“O público apoia demais, porque está carente de um brasileiro na Fórmula 1. Eu acho que sim (carrego essa expectativa de satisfazer o público). É uma responsabilidade que o brasileiro tem de levar pela história na categoria. Se estão cobrando de mim, é porque me veem com capacidade para representar o Brasil. Tenho de fazer isso por mim, não pelos outros. O resultado será consequência disso. Não quero só representar o País, quero representar bem o Brasil”, disse o atual campeão da Fórmula 2, categoria de base para a entrada na F-1.

Quem é Felipe Drugovich?

Drugovich é piloto reserva da Aston Martin, que conta com Fernando Alonso e Lance Stroll em seus cockpits titulares. Nesta semana, a escuderia fez parceria com a Honda, que vai voltar a fornecer motores para a F-1 em 2026. O espanhol é reverenciado na categoria e do alto dos seus 41 anos tem sido um “professor” nas palavras do brasileiro. Já o canadense é filho do dono da equipe, Lawrence Stroll. O paranaense reconhece as dificuldades de ganhar uma posição na equipe, apesar do patrocínio que carrega da XP, e abre as portas para qualquer oportunidade de titular que aparecer na Fórmula 1.

“Não tem professor melhor do que ter Alonso do lado. O ambiente da Fórmula 1 é restrito, inclusive para amizades, mas estou me sentindo em casa, bastante gente me dando atenção. Para os próximos anos, precisaria de uma vaga e não só da atenção deles. Estou buscando uma vaga, independentemente de qual equipe for. É melhor ser titular do que ser reserva de qualquer equipe. Só se mostra potencial correndo”, disse Drugovich.

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O que faz um piloto reserva na Fórmula 1?

Nesta temporada, o paranaense tem trabalhado na parte interna da Aston Martin, acompanhando reuniões e testando no simulador e com o carro de 2021 da equipe. Depois de tantos anos desfrutando da adrenalina das largadas e ultrapassagens, Drugovich admite a frustração por não estar acelerando como gostaria.

“É difícil administrar a falta de correr, a falta dessa adrenalina. Desde os meus oito anos, os meses de janeiro e fevereiro têm aquele frio na barriga, porque vai começar a temporada. Este ano, não tinha nada... Se fosse pela minha vontade, estaria correndo”, afirma Drugovich.

Drugovich quase estreou na F-1 no GP do Bahrein

Antes do início da temporada, Stroll lesionou as mãos andando de bicicleta e a F-1 viveu dias de expectativa sobre a possibilidade de Drugovich substituí-lo. Por fim, o canadense, mesmo com dores, conseguiu correr o GP do Bahrein. Muitos nomes circularam no paddock como eventuais substitutos, como do tetracampeão Sebastian Vettel, mas Drugovich afirma que estava seguro de que seria o escolhido e não se sentiu desprestigiado, mesmo com a opção da Aston Martin de seguir com Stroll lesionado.

“Não me senti (desprestigiado). Eu sabia desde o começo que seria o escolhido para substituir o Stroll caso fosse necessário. Essas coisas foram ditas por alguns repórteres que tentavam ter mais informação do que deviam. Estava tranquilo, fazendo minha parte.”

Na Fórmula E, categoria de carros elétricos, o piloto participou de um teste e conseguiu ser mais rápido que o pole position da etapa de Berlim, na Alemanha. Preparado para as oportunidades, Drugovich diz que analisará as opções do mercado que não conflitem com a F-1. Ele quer ser parte integrante do circo para ser lembrado. Enquanto a titularidade não aparece, o brasileiro tenta conciliar a vida de piloto com alguns hobbies.

Eu gosto muito de jogar tênis, toco um pouco de violão, mas muito mal. Eu gosto de fotografia também. Mas quando tenho tempo livre, quero ficar com amigos e a família.

Felipe Drugovich, reserva da Aston Martin

Felipe Drugovich segue na batalha por um lugar de titular da F-1. Foto: Leandro França/ Divulgação XP
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