Vídeo de pai desesperado em hospital é de 2019 e não tem relação com vacina da covid

Posts nas redes sociais resgatam imagens antigas para inventar que uma criança morreu na Paraíba após ser imunizada

PUBLICIDADE

Por Luciana Marschall

O que estão compartilhando: post nas redes sociais que usa o vídeo de um homem desesperado em um hospital para alegar que uma criança morreu após ser vacinada contra a covid-19 na Paraíba.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é falso. O post resgata um vídeo já desmentido anteriormente. As imagens que mostram um pai desesperado em um hospital não foram gravadas na Paraíba, mas sim em Manaus, no Amazonas, em fevereiro de 2019, portanto antes da pandemia de coronavírus. A Secretaria de Estado da Saúde da Paraíba informou que nenhum efeito adverso grave em decorrência da vacina contra a covid-19 foi registrado no Estado até o momento.

Imagens que mostram confusão em hospital foram gravadas antes da pandemia, em 2019, no Amazonas, e não na Paraíba. Foto: Reprodução

PUBLICIDADE

Saiba mais: Posts que circulam no Instagram, no Twitter e no Kwai fazem uma edição de dois vídeos diferentes para alegar que uma criança morreu em decorrência da vacinação contra a covid-19.

A primeira imagem mostra um menino sendo vacinado. A segunda apresenta a mesma criança, dessa vez deitada, mas lúcida e tendo a pressão medida por outra pessoa. No áudio, uma terceira pessoa, que parece estar gravando os vídeos, se identifica como irmão do menino e diz que ele acabou de tomar vacina, beber água e cair para trás. Não é citado, na gravação, qual imunizante foi aplicado na criança e se foi contra o coronavírus.

A pessoa que mede a pressão arterial do menino pergunta se ele já passou mal anteriormente tomando vacina, ao que o irmão diz ser a primeira vez. A criança, contudo, corrige a informação, alegando já ter passado mal anteriormente. O irmão que grava o vídeo então alega que na ocasião anterior eram vacinas “mais fortes”. Sobre essas imagens há uma legenda que diz “criança morre depois da vacina de covide (sic)”, mas o menino no vídeo está acordado e conversando.

Não foi possível identificar a origem das imagens que mostram o menino recebendo atendimento após ser vacinado, tampouco qual imunizante foi aplicado nele.

Após essas cenas, é exibido outro vídeo, que mostra um homem gritando desesperado no que parece ser uma recepção de hospital. Sobre as imagens, é mantida a mesma legenda anterior e acrescentadas mais duas que dizem “vacinação mata criança na Paraíba” e “pai desesperado ao ver seu filho morto”.

Publicidade

Esse conteúdo foi checado anteriormente. Como explicou em 2022 o Comprova, iniciativa de checagem formada por uma coalizão de veículos que o Verifica integra, a maternidade Balbina Mestrinho, em Manaus, confirmou que o vídeo foi gravado naquele local em fevereiro de 2019. À época, segundo a Secretaria de Estado de Saúde do Amazonas (SES-AM), uma grávida de 34 semanas deu entrada na unidade de saúde, com risco de parto prematuro, e a criança morreu, o que gerou a revolta do pai. O fato foi foi noticiado por veículos da imprensa local (1 e 2) e o vídeo pode ser assistido na plataforma de streaming Globoplay, pois foi exibido pelo Jornal do Amazonas, da Rede Amazônica, afiliada à Rede Globo, em 18 de fevereiro de 2019.

Além do Comprova, Fato ou Fake e AFP Checamos também desmentiram a falsa alegação em 2022. Em 2023, o vídeo novamente viralizou acompanhado de falsas afirmações e dessa vez foi checado por Uol Confere e Lupa.

Paraíba não teve mortes causadas pela vacinação

À reportagem, a Secretaria de Estado da Saúde da Paraíba garantiu não ter registrado nenhum efeito adverso grave em decorrência da vacina contra a covid-19. Em nota enviada recentemente ao Estadão Verifica, o Ministério da Saúde reforçou que todas as vacinas ofertadas à população são seguras, eficazes e aprovadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e que o benefício delas é irrefutável, já que o atual cenário da covid-19, com redução de casos graves e óbitos pela doença, é resultado da vacinação. O órgão destaca que os eventos adversos, inerentes a qualquer medicamento ou imunizante, são raros e apresentam risco significativamente inferior ao de complicações causadas pela infecção.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.