37º dia da guerra: Rússia acusa Ucrânia de atacar em seu território e civis tentam deixar Mariupol

Cinco semanas depois da invasão, há sinais de que o choque inicial do público russo deu lugar a uma mistura de apoio às suas tropas e raiva contra o Ocidente

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Por Redação
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As explosões foram ouvidas do outro lado na fronteira neste 37º dia de guerra, no que autoridades locais russas disseram ter se tratado de um ataque ucraniano contra um depósito de combustível da cidade russa de Belgorod. A cidade fica a menos de 32 km da fronteira da Ucrânia e tem sido usada de apoio pelas tropas russas antes de entrar no leste do país invadido.

Do lado ucraniano, o corredor humanitário para retirada de civis da cidade de Mariupol falhou mais uma vez devido aos conflitos entre a Rússia e a Ucrânia nos arredores. Uma nova tentativa esta marcada para sábado, 2. Apesar do adiamento, 3 mil civis conseguiram deixar a cidade.

Depois de o mundo prender a respiração várias vezes temendo o que poderia acontecer a Chernobyl após a invasão russa, uma notícia tranquilizante: a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) informou que os níveis de radiação da usina nuclear estavam bastante normais após a saída dos soldados russos.

Imagem do dia 7 de março registra soldado russo guardando a entrada de Chernobyl; tropas russas deixaram o local 

Cinco semanas depois da invasão da Ucrânia, há sinais de que o choque inicial do público russo deu lugar a uma mistura de apoio às suas tropas e raiva contra o Ocidente. Pesquisas e entrevistas mostram que muitos russos agora aceitam a afirmação de Vladimir Putin de que seu país está sob cerco do Ocidente e não teve escolha a não ser atacar. Os adversários da guerra estão deixando o país ou se calando.

E enquanto a guerra se arrasta, muito mais do que parecia prever o presidente russo, jovens russos começam a temer serem eles os próximos a serem mandados para o front. O país iniciou nesta sexta-feira o recrutamento anual da primavera (Hemisfério Norte) com o objetivo de reunir 134,5 mil homens para uma missão militar de um ano. Saiba mais sobre esse 37º dia de guerra na Europa:

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Do outro lado da fronteira

Dois helicópteros das Forças Armadas da Ucrânia atacaram nesta sexta-feira, 1º, um depósito de combustíveis em Belgorod, que fica dentro de território russo, segundo afirmou o prefeito da cidade, Viacheslav Gladkov. A cidade fica a menos de 32 quilômetros da fronteira ucraniana e tem presença de tropas russas, que a utilizam para a entrar no leste da Ucrânia.

Registro do que seria um ataque ucraniano à cidade de Belgorod, na Rússia  Foto: Pavel Kolyadin/Reuters

O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, disse que o presidente russo, Vladimir Putin, já está ciente do episódio, e que o governo está analisando o caso para possíveis respostas. Peskov disse ainda que o suposto ataque “não cria condições confortáveis para continuar as conversas por um acordo de paz”.


Mariupol sitiada

O corredor humanitário para a retirada de civis da cidade de Mariupol, marcada para esta sexta-feira, 1º, falhou devido aos conflitos entre a Rússia e a Ucrânia nos arredores e frustou os planos de aliviar a crise humanitária no local. A operação foi remarcada para este sábado, 2.

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Segundo a Cruz Vermelha, que organizou a operação, a equipe que estava a caminho da cidade para escoltar um ônibus com civis precisou voltar porque não recebeu garantias de condições que garantissem uma passagem segurança.


Nível ‘bastante normal’ em Chernobyl

O diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Rafael Grossi, afirmou nesta sexta-feira que os níveis de radiação da usina nuclear de Chernobyl estão “bastante normais” após a saída das tropas russas. Um dia após os relatos de que o local foi devolvido aos ucranianos, nenhuma tropa russa estava perto da usina, informou a Agência Estatal de Gerenciamento da Zona de Exclusão da Ucrânia.

A empresa estatal de energia atômica da Ucrânia, Energoatom, disse em um comunicado no Telegram que todos os equipamentos tecnológicos da usina e os sistemas de monitoramento de radiação estavam “funcionando normalmente” nesta sexta-feira.

Novatos no front

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Enquanto as forças de Moscou atolam na Ucrânia, muitos jovens russos em idade de alistamento estão cada vez mais nervosos com a perspectiva de serem enviados para o combate. O que torna esses medos particularmente agudos é um recrutamento anual de primavera (Hemisfério Norte) que começou nesta sexta-feira, 1º, e visa reunir 134,5 mil homens para uma missão militar de um ano.

O ministro da Defesa, Serguei Shoigu, prometeu em uma reunião do alto escalão militar nesta semana que os novos recrutas não serão enviados para linhas de frente ou “pontos quentes”. Mas a declaração foi recebida com ceticismo por muitos na Rússia que se lembram das guerras separatistas na república meridional da Chechênia nos anos 90 e início dos anos 2000, quando milhares de jovens mal treinados foram mortos.

Do choque ao apoio à invasão

Cinco semanas depois da invasão da Ucrânia pelo presidente Putin, há sinais de que o choque inicial do público russo deu lugar a uma mistura de apoio às suas tropas e raiva contra o Ocidente. Na televisão, os programas de entretenimento foram substituídos por porções extras de propaganda, resultando em uma enxurrada de falsidades 24 horas por dia sobre os “nazistas” que administram a Ucrânia e os laboratórios de armas biológicas ucranianos financiados pelos americanos.

Pesquisas e entrevistas mostram que muitos russos agora aceitam a afirmação de Putin de que seu país está sob cerco do Ocidente e não teve escolha a não ser atacar. Os adversários da guerra estão deixando o país ou se calando.