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Acusado de planejar 11/9 terá julgamento militar em Guantánamo

Governo dos EUA antes pretendia julgar Khalid Sheikh Mohammed e outros quatro acusados em tribunal civil no país.

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Por BBC Brasil

Governo de Obama desistiu de julgamento civil para presos O secretário de Justiça dos Estados Unidos, Eric Holder, anunciou nesta segunda-feira que o homem acusado de ser o mentor dos ataques de 11 de setembro de 2001 nos Estados Unidos, Khalid Sheikh Mohammed, e outros quatro supostos cúmplices dos atentados serão julgados por uma autoridade militar na base americana de Guantánamo, em Cuba, e não em um tribunal civil em território americano. O governo do presidente, Barack Obama, desistiu de julgar os suspeitos na justiça comum após encontrar forte oposição no Congresso em Washington. Obama chegou a acusar o Congresso de prejudicar a segurança nacional com a oposição a seu plano de fechar a controversa prisão cubana e julgar alguns suspeitos de atentados em tribunais civis. Em coletiva para anunciar a decisão sobre o julgamento, Holder defendeu a proposta de Obama, mas disse que não é possível "permitir que o julgamento seja novamente adiado". Segundo Holder, os julgamentos em tribunais civis deveriam acontecer em Nova York ou no Estado de Virgínia, mas as restrições impostas pelo Congresso americano tiraram a decisão de suas mãos. "Não podemos permitir que o julgamento seja adiado porque as vítimas do ataque e seus familiares já esperaram uma década por justiça. Eu conversei muitas vezes com estes familiares nos últimos dois anos. Como muitos americanos, eles discordam sobre o lugar onde os suspeitos do 11 de Setembro devem ser julgados, mas há algo com que todos concordam: devemos levar os conspiradores à justiça", disse o secretário. Tortura Khalid Sheikh Mohammed é prisioneiro dos Estados Unidos desde que foi capturado no Paquistão, em 2003. Em uma audiência em 2007, ele disse ter sido torturado na base militar de Guantánamo. Documentos da CIA (agência de inteligência americana) confirmaram que ele foi submetido à técnica de simulação de afogamento 183 vezes. Promotores americanos dizem que Mohammed confessou uma série de atividades "terroristas", além do 11 de Setembro. As atividades incluiriam um ataque a bomba contra uma casa noturna em Bali, na Indonésia, em 2002; um ataque a bomba contra as Torres Gêmeas em Nova York, em 1993; o assassinato do jornalista americano Daniel Pearl, em 2002, e uma tentativa frustrada de explodir um avião em 2001. Além de Mohammed, os outros quatro prisioneiros que serão julgados em Guantánamo são Walid Bin Attash, Ramzi Binalshibh, Ali Abdul Aziz Ali e Mustafa Ahmed Al-Hawsawi. O capitão da Marinha John Murphy, promotor militar, disse que, à luz da decisão do governo, deve formalizar as acusações aos cinco homens e recomendar que elas sejam examinadas por autoridades militares. Em comunicado por escrito, o capitão disse que, como acontece em julgamentos civis, os acusados serão considerados inocentes até que sua culpa seja provada sem sombra de dúvidas. Planos frustrados Quando assumiu a presidência, em 2009, Barack Obama prometeu fechar a base de Guantánamo em um ano. Meses depois, Holder anunciou que Khalid Sheikh Mohammed seria julgado em um tribunal civil em Nova York. No entanto, os planos do governo democrata foram gradualmente minados pela oposição, segundo o correspondente da BBC em Washington Paul Adams. Por causa disso, a base militar segue aberta, e os julgamentos dos prisioneiros deverão acontecer ali. Nesta segunda-feira, o porta-voz da Casa Branca Jay Carney disse que a principal preocupação do presidente era que os supostos mandantes do ataque de 11 de setembro fossem julgados da maneira mais rápida e justa possível. Perguntado sobre a mudança de estratégia em relação a Guantánamo, Carney disse que foi muito difícil superar a oposição do Congresso aos planos do presidente. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

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