Alto Comissário da ONU cobra medidas para frear 'clima de medo' na Nicarágua

Zeid Ra'ad Al Hussein condenou repressão das forças do governo Daniel Ortega contra manifestantes da oposição e exigiu medidas para evitar 'distúrbios políticos e sociais mais graves' no país

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Por Redação
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GENEBRA -  O Escritório do Alto Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos pediu à comunidade internacional a adoção de medidas para frear a crise da Nicarágua, consumida por um "clima de medo" em razão da violenta repressão das forças do governo contra manifestantes da oposição.

Policiais se dirigem a um protesto de estudantes contra o presidente Daniel Ortega, em maio deste ano. Confronto entre forças de segurança e oposicionistas deixaram mais de 300 mortos desde abril. Foto: AP Photo/Esteban Felix - 28/05/18

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"A repressão contra os manifestantes prossegue na Nicarágua enquanto o mundo inteiro assiste", disse o Alto Comissário para Direitos Humanos da ONU, Zeid Ra'ad Al Hussein, em comunicado. "A violência e a impunidade nos últimos quatro meses destacaram a fragilidade das instituições do país e do Estado de Direito, gerando um clima de medo e desconfiança."

As manifestações contra o presidente nicaraguense Daniel Ortega começaram em abril após o governo apresentar uma proposta de reforma previdenciária. Rapidamente, os atos passaram a exigir a sua renúncia após a repressão do governo contra a oposição. Balanços estimam que os confrontos deixaram mais de 300 mortos e dois mil feridos. 

Em julho, a estudante brasileira Raynéia Gabrielle Lima foi morta a tiros em circunstâncias ainda não esclarecidas pelo governo local. Nesta semana, a cinegrafista brasileira Emilia Mello foi deportada da Nicarágua para os Estados Unidos, onde também tem cidadania, após tentar gravar um documentário sobre a situação dos protestos.

O comunicado do Alto Comissário também destaca a violência da oposição contra sandinistas, funcionários do governo e forças de segurança, que resultou na morte de 22 policiais.

"O grau de brutalidade dos confrontos, que incluem queimaduras, amputações e profanação de cadáveres, ilustra a grave degeneração da crise", diz o Alto Comissário, que divide a crise nicaraguense em dois momentos: a "repressão" por parte de forças do governo e paramiliares e a "limpeza", nas quais a polícia derruba barricadas e barreiras montadas por focos de resistência da oposição.

O Alto Comissário também alerta que manifestantes e opositores ao governo "têm sido perseguidos e criminalizados" por paramilitares armados "com absoluta impunidade". 

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"Peço que o Conselho de Direitos Humanos e a comunidade internacional adotem medidas específicas para dar fim à crise atual e evitar distúrbios sociais e políticos mais graves", afirmou Hussein. //AFP

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