HAMBURGO - Um ataque a tiros em Hamburgo, segunda maior cidade da Alemanha, deixou ao menos 8 mortos, incluindo o atirador, e um número não confirmado de feridos na quinta-feira, 9, de acordo com a polícia local.
Um dos mortos é o atirador, de acordo com a polícia. O momento exato do ataque foi capturado por um jovem que mora nos arredores do prédio atingido, informou o canal de notícias por assinatura americano CNBC.
Nas imagens, é possível ouvir a voz de Gregor Miesbach ao fundo, enquanto o autor do tiroteio aparece armado no centro das Testemunhas de Jeová. “Ele está atirando, o que está acontecendo?”, questiona o cinegrafista amador enquanto gravava o episódio.
O atirador que causou as oito mortes — incluindo uma grávida de 7 meses e o feto —, era um ex-membro da comunidade, com a qual estava em conflito, disse a polícia alemã na sexta-feira, 10.
“Philipp F. era um ex-membro das Testemunhas de Jeová”, disse um oficial à imprensa, acrescentando que o agressor deixou a comunidade há cerca de 18 meses, “aparentemente não em boas condições”.
Ele matou a tiros quatro homens e duas mulheres com idades entre 33 e 60 anos. O feto feminino de 7 meses foi contabilizado como uma vítima. As autoridades disseram ainda que Philipp, de 35 anos, e que estava armado com um revólver, cometeu suicídio depois que a polícia entrou no prédio.
O agressor fugiu para o primeiro andar do prédio depois que a polícia invadiu o local e “se matou”, disse o secretário regional do Interior, Andy Grote.
Segundo a promotoria, não há indicação de motivação “terrorista” no ataque.
Fundadas no século 19 nos EUA, as Testemunhas de Jeová se consideram herdeiras do cristianismo primitivo e baseiam seu credo exclusivamente na Bíblia.
O status da organização varia de país para país: ela se classifica entre as “grandes” religiões na Áustria e na Alemanha, é listada como um “culto reconhecido” na Dinamarca e como uma “denominação religiosa” na Itália. Na França, muitos ramos locais têm o status de “associação de culto”.
A maior parte da população alemã é católica (27%) e protestante (25%), segundo informações de um relatório do Departamento de Estado dos EUA sobre liberdade religiosa no país. Aproximadamente 6,6% da população é muçulmana —e de maioria sunita. No país de pouco mais de 80 milhões de pessoas, de acordo com os dados do documento, 167 mil seriam das Testemunhas de Jeová.
Nos últimos anos, o país foi palco de diversos ataques, muitos dos quais perpetrados por jihadistas e extremistas de direita. Um dos principais ocorreu em 2016, quando fundamentalistas islâmicos atingiram um mercado de Natal lotado na capital, Berlim, e mataram 12 pessoas, além de ferir dezenas.
Houve ainda ataques de apoiadores de movimentos supremacistas de direita, o que intensificou a cobrança da sociedade para que o governo aja contra grupos neonazistas, que se proliferam. Em 2020, um extremista matou dez pessoas e feriu outras cinco na cidade de Hanau. Um ano antes, duas pessoas foram mortas após um neonazista invadir uma sinagoga. /AP, AFP e NYT