O presidente Jair Bolsonaro quer aproveitar a vitrine internacional da cúpula das 20 maiores economias do globo que começa nesta sexta-feira em Osaka, no Japão, para mudar a imagem que tem no exterior. Desde que assumiu a presidência, Bolsonaro se queixa de como foi retratado em veículos internacionais – com destaque a falas de sua carreira como deputado e polêmicas da campanha eleitoral, que fizeram jornais fora do País o chamarem de misógino, racista e homofóbico.
![](https://www.estadao.com.br/resizer/v2/L34IR7MOEFJ4RPCXR2KOQ6JFGY.jpg?quality=80&auth=43b24120fd99bda4da283903bc81149b4cf14820bff59fc6d3755d1c314f4308&width=380 768w, https://www.estadao.com.br/resizer/v2/L34IR7MOEFJ4RPCXR2KOQ6JFGY.jpg?quality=80&auth=43b24120fd99bda4da283903bc81149b4cf14820bff59fc6d3755d1c314f4308&width=768 1024w, https://www.estadao.com.br/resizer/v2/L34IR7MOEFJ4RPCXR2KOQ6JFGY.jpg?quality=80&auth=43b24120fd99bda4da283903bc81149b4cf14820bff59fc6d3755d1c314f4308&width=1200 1322w)
O ministro do Gabinete de Segurança Institucional, general Augusto Heleno, afirmou nesta quinta-feira que Bolsonaro quer corrigir a imagem que lhe foi atribuída de forma errada pela imprensa. Um dos pontos mais criticados pelo general foi o rótulo de fascista dado a Bolsonaro.
"Ele quer apresentar a imagem correta dele, que foi muito deturpada por uma imprensa que fazia questão de colocar o presidente como fascista até, né? Então, ele quer mostrar a verdadeira face", disse a jornalistas brasileiros em Osaka. "Isso é ridículo. Chamar nosso presidente de fascista é simplesmente ridículo. É uma falta até, no mínimo, de análise", afirmou Heleno.
Bolsonaro pretende usar os momentos de fala, nos dois discursos que possui no G-20 e na abertura do encontro dos BRICs, para mostrar que a fama que recebeu é errada. Mas o Planalto sabe que a imagem não é alterada de forma célere ou corriqueira. “Isso não transforma em um dia e nem em um discurso", constatou Heleno, explicando que a participação em eventos internacionais reunindo outros países, como o G-20, é uma forma de mostrar a intenção do presidente. Ainda sobre os BRICs, Heleno afirmou que a mensagem de Bolsonaro será para procurar “cada vez mais uma coordenação” entre os países.
A intenção do presidente é mostrar que o Brasil tem capacidade de fazer acordos multilaterais benéficos para o País e ter respeito mundial. A imagem de Bolsonaro no exterior já rendeu contratempos ao presidente brasileiro, que teve de cancelar uma viagem que faria a Nova York, na última hora, depois de ser alvo de protestos e boicote na cidade, incluindo críticas feitas pelo prefeito nova-iorquino, Bill de Blasio.
No Japão, Bolsonaro terá sete encontros bilaterais – incluindo reuniões com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e com o líder chinês, Xi Jinping – além de reuniões com os BRICs, Grupo de Lima e da participação no fórum do G-20. Pela manhã desta sexta-feira, 27, o presidente terá reuniões no hotel em que esta hospedado, com representantes do Banco mundial e da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). O Brasil vem disputando, juntamente com outros cinco países, a possibilidade de se tornar um membro da entidade que tem sede em Paris.
Em encontro com o presidente americano em março, Bolsonaro recebeu a promessa de que teria apoio dos EUA para a vaga. O juramento foi cumprido na última reunião ministerial da OCDE em junho, mas EUA e Europa ainda divergem sobre o processo de entrada de vários países na instituição e o assunto não progride. O assunto deve entrar na agenda da reunião com Trump. "Pode-se esperar um encontro bastante amistoso. Desde os EUA, eles se entenderam.muito bem", avaliou Heleno.