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Chanceleres da Rússia e da Ucrânia marcam encontro na Turquia

Rodada de negociações está marcada para a quinta-feira, 10, na cidade de Antália, e pode marcar o primeiro encontro entre a cúpula das diplomacias dos dois países desde o início da invasão

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Por Redação

O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Serguei Lavrov, e o homólogo ucraniano, Dmitro Kuleba, concordaram em se reunir em um fórum no sul da Turquia na quinta-feira, 10, no que pode ser a primeira conversa entre os chefes das diplomacias dos dois países desde o começo da invasão russa à Ucrânia, em 24 de fevereiro.

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Mevlut Cavusoglu, ministro das Relações Exteriores da Turquia, fez o anúncio nesta segunda-feira, 7, e disse que participaria da reunião na cidade turística de Antália. O plano também foi confirmado pelo Ministério das Relações Exteriores da Rússia e pelo ministro ucraniano, que declarou nesta segunda que se Lavrov estava pronto para "uma conversa séria e substantiva", ele também estaria.

A Turquia, membro da Otan, que compartilha uma fronteira marítima com a Rússia e a Ucrânia no Mar Negro, estava oferecendo uma mediação entre os lados. Ancara tem boas relações com Moscou e Kiev, e ao mesmo tempo que chamou a ação militar da Rússia de inaceitável, opôs-se às sanções contra o país.

Família se despede em plataforma de trem na estação de Odessa, no sul da Ucrânia. Foto: BULENT KILIC / AFP (06/03/2021)

Cavusoglu disse que em uma ligação com o presidente russo, Vladimir Putin, no domingo, o presidente Recep Tayyip Erdogan repetiu a oferta da Turquia para sediar a reunião, o que foi aceito por Lavrov mais tarde.

"Esperamos especialmente que este encontro seja um ponto de virada e um passo importante para a paz e a estabilidade", disse ele, acrescentando que ambos os ministros pediram para ele participar das negociações.

O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Serguei Lavrov, em coletiva no último sábado, 5; chanceler deve comparecer a reunião na Turquia. Foto: Sergei Ilnitsky/Pool via REUTERS

O anúncio veio após dois dias de fracassadas tentativas de estabelecer um cessar-fogo para a criação de corredores humanitários para a retirada de civis de Mariupol, onde centenas de milhares de pessoas estão presas sem comida e água, sob bombardeio implacável e incapaz de retirar seus feridos em meio ao cerco das tropas russas.

O ministro das Relações Exteriores ucraniano, Dmitro Kuleba, também deve participar da rodada de negociações. Foto: Olivier Douliery/Pool via REUTERS

Ao estabelecer relações estreitas com a Rússia em matéria de defesa, comércio e energia, recebendo milhões de turistas russos todos os anos, a Turquia também vendeu drones para a Ucrânia, irritando Moscou. Ancara também se opõe às políticas russas na Síria e na Líbia, e também se opôs à anexação da Crimeia da Ucrânia pela Rússia em 2014.

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'Fim da guerra'

Representantes dos governos russo e ucraniano reunidos em Belarus concluíram a terceira rodada de negociações nesta segunda-feira, sem alcançar avanços significativos. De acordo com o negociador ucraniano Mykhailo Podolyak, as conversas tiveram pequenos avanços na melhoria da logística dos corredores humanitários. Houve discusões sobre um cessar-fogo e garantias de segurança para a retirada de civis, mas ainda não há resultados que melhorem significativamente a situação.

Apesar disso, um aceno do primeiro escalão do governo russo sinalizou com a possibilidade de um término imediato para a invasão da Ucrânia. O principal porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, declarou que a Rússia está pronta para interromper as operações militares "em um momento" se Kiev cumprir uma lista de condições, que incluem o fim das operações militares do país, o reconhecimento da Crimeia e das províncias de Donetsk e Luhansk como território russo e uma alteração em nível constitucional para garantir que a Ucrânia mantenha uma neutralidade entre Moscou e a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), comprometendo-se a não aderir à aliança.  

Foi a declaração russa mais explícita até agora dos termos que quer impor à Ucrânia para interromper a invasão, que já dura 12 dias. 

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