'Comboio da Liberdade': polícia canadense prende manifestantes em ponte na fronteira com os EUA

No sábado, 12, a polícia retirou caminhoneiros que participavam de protestos antivacina e bloqueavam a Ponte Ambassador; outras cidades do país também registram protestos

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Por Redação
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A polícia canadense em Windsor, Ontário, começou a prender manifestantes que participam do "Comboio da Liberdade" na manhã deste domingo, 13, perto da Ponte Ambassador, importante passagem de fronteira para os Estados Unidos e um dos locais mais simbólicos do movimento antivacina e contra o governo que ocorre no Canadá há semanas. 

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Neste domingo, centenas de policiais uniformizados abordaram os manifestantes, alguns dos quais deixaram seus veículos estacionados nos cruzamentos que levam à ponte. Uma tropa de policiais alertou os manifestantes de que eles seriam acusados de crime, antes de se aproximar da pequena multidão e fazer prisões. Um caminhão de reboque foi usado para remover caminhonetes estacionadas que serviam para bloquear o local.

Em tempos normais, a ponte, que atravessa o Rio Detroit, é a principal avenida do comércio internacional, com mercadorias que circulam constantemente entre os Estados Unidos e o Canadá. O bloqueio de quase uma semana custou às montadoras americanas, em particular, milhões de dólares

No sábado, 12, a polícia já havia começado a trabalhar na retirada de caminhoneiros que participavam desses protestos e bloqueavam a ponte.

As prisões realizadas neste domingo fazem parte da primeira grande ação policial desde que caminhoneiros e simpatizantes começaram a protestar contra os mandatos de vacinas e cercaram a área ao redor do Parlamento do Canadá há pelo menos três semanas, inspirando manifestações de imitadores em todo o restante do país.

Polícia prende manifestantes que realizam protesto antivacina e bloquearam a Ponte Ambassador, importante passagem de fronteira para os Estados Unidos Foto: JEFF KOWALSKY / AFP

No entanto, a polícia pouco fez para intervir onde o movimento começou: Ottawa, capital do Canadá. No sábado, o protesto aumentou tanto em tamanho quanto em energia, dando às ruas do centro o ar de uma festa gigante - embora ilegal - enquanto policiais em grande número apenas observavam a situação.

Milhares de manifestantes tomaram ruas tão densamente que ficou quase impossível se mover. A música tocava em várias esquinas e as pessoas dançavam nos cruzamentos. Vendedores se estabeleceram ao longo da multidão, oferecendo pequenas bandeiras do Canadá e camisetas que rudemente diziam ao primeiro-ministro, Justin Trudeau, para onde ir. Chamados de "liberdade" soaram repetidamente.

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Um dia antes, o primeiro-ministro de Ontário, Doug Ford, anunciou estado de emergência e alertou para novas penalidades severas para os manifestantes - mas poucos policiais puderam ser vistos na manifestação em Ottawa.

Os policiais que estavam presentes, vestidos com coletes amarelo-neon, passeavam em grupos por manifestantes que violavam abertamente a lei. Alguns carregavam latas de gasolina, presumivelmente para abastecer os caminhoneiros estacionados nas ruas, embora a polícia de Ottawa tenha dito que reprimiria qualquer pessoa que desse “ajuda material” aos manifestantes. E apesar de uma liminar obtida na semana passada por um morador do bairro, os caminhoneiros buzinavam sem parar.

Ainda no sábado, moradores frustrados de Ottawa foram às ruas, realizando um contraprotesto considerável para pedir o fim da manifestação. Muitos moradores se queixaram de serem intimidados pelos manifestantes, que forçaram o fechamento de negócios na área e prejudicaram a capacidade da polícia de responder às ligações para o 911.

Protestos continuam em outras cidades canadenses, atraindo multidões. Em Saskatchewan, que fica no centro-oeste do Canadá, um pequeno comboio de caminhoneiros estacionou em um terreno perto de uma passagem de fronteira, segundo relatos. 

Uma manifestação maior em Alberta, localizada na região oeste do país e é conhecida por abrigar as montanhas rochosas canadenses, fez com que a Agência de Serviços de Fronteiras do Canadá no sábado suspendesse temporariamente o serviço na passagem de fronteira de Coutts, de acordo com seu site.

Em uma reunião com altos funcionários no sábado, Trudeau enfatizou que as "passagens de fronteira não podem e não permanecerão fechadas", e que todas as opções permanecem na mesa, segundo um comunicado do governo. / NYT

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