Conservadora alemã se torna a primeira mulher presidente da Comissão Europeia

Ursula von der Leyen, atual ministra da Defesa de Angela Merkel, foi eleita pelos eurodeputados com 383 votos, somente 9 a mais do mínimo exigido para a aprovação

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Por Redação
Atualização:

STRASBURGO, FRANÇA - A conservadora alemã Ursula von der Leyen se tornou nesta terça-feira, 16, a primeira mulher presidente da Comissão Europeia, o cargo mais cobiçado do bloco.

Ursula von der Leyen é eleita presidente da Comissão Europeia, tornando-se a primeira mulher a assumir o cargo. A vitória da política conservadora foi discreta, ao receber somente 9 votos a mais do mínimo necessário para a eleição. Foto: Frederick Florin/AFP

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Vice-presidente do partido União Democrata Cristã (CDU) e ministra da Defesa do governo da chanceler Angela Merkel, von der Leyen recebeu 383 votos a favor contra 327 dos eurodeputados, durante votação na Eurocâmara em Strasburgo, na França.

A nova presidente da Comissão Europeia somente recebeu nove votos a mais do mínimo necessário para sua aprovação ao cargo, estipulado em 374. Em 2014, seu antecessor Jean-Claude Juncker obteve 422 votos. Von der Leyen assumirá o posto até 2024, já que os mandatos para a presidência da Comissão Europeia duram cinco anos. 

"Me sinto muito honrada pela confiança depositada em mim, que é a confiança depositada na Europa", disse após ser informada do resultado da votação, convocando o trabalho "de maneira construtiva" por uma Europa "unida e forte". 

A conservadora assume em meio a um momento de forte polarização na Europa, onde algumas vertentes nacionalistas dos países do bloco defendem a dissolução da União Europeia, movidos pelo euroceticismo. O número de votos próximo ao mínimo surpreendeu as classes políticas.

Cálculos feitos pelos principais grupos políticos da Eurocâmara antes da votação indicavam que Von der Leyen contava com os apoios dos 182 deputados do Partido Popular Europeu, coalizão do qual o CDU faz parte, dos mais de cem integrantes da Aliança Progressista dos Socialistas e Democratas e de praticamente todos os 108 membros da Renovar Europa.

Também respaldariam a candidatura de Von der Leyen outros grupos minoritários, como os 14 eurodeputados italianos do Movimento Cinco Estrelas, mas o resultado da votação secreta mostra que houve divergências.

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Somados os apoios, Von der Leyen deveria ter recebido cerca de 400 votos, 20 a mais do que os obtidos na votação realizada nesta terça-feira.

"Ela foi eleita fora da bolha de Bruxelas, o que explica o resultado modesto", explicou à Agência AFP Jean-Dominique Giuliani, presidente da Fundação Schuman, que apontou uma "rebelião de socialistas por razões políticas e dos Verdes por razões ideológicas". 

Curiosamente, Ursula vem de uma família de burocratas europeus. Ela é filha de Ernst Albrecht, que foi um dos primeiros representantes da Alemanha em Bruxelas, no fim dos anos 50 e durante a década de 60, quando a UE ainda era Comunidade Econômica Europeia. 

Foi por isso que Ursula nasceu em Ixelles, periferia da capital da Bélgica, onde ela viveu até os 13 anos – antes de retornar à Alemanha. Sua carreira política sempre esteve ligada à União Democrata Cristã (CDU), partido conservador de Merkel e no qual seu pai também militava. Seus primeiros passos foram na Baixa Saxônia, como deputada do Parlamento regional. Depois, em Hannover, onde ocupou diversos cargos públicos. 

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Durante o governo de Merkel, ela foi ministra do Trabalho, antes de ocupar o cargo atual na Defesa. Ursula é casada com o médico Heiko von der Leyen e tem sete filhos – algo incomum na Alemanha. Conhecida por sua personalidade forte, ela fala fluentemente inglês, francês e holandês – além do alemão – e tem um estilo de liderança impositivo, que nem sempre é bem recebido por seus críticos. 

Em seu discurso nesta terça, Von der Leyen prometeu aos eurodeputados esforços para uma redução mais acelerada das emissões de carbono, destinada a fixar a neutralidade climática para 2050. Nas eleições do Parlamento Europeu de maio deste ano, os Verdes conquistaram 67 cadeiras, o maior índice para o grupo desde sua criação. 

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Também foi priorizado no discurso da alemã medidas voltadas à política social, como salário mínimo, seguro desemprego e garantias para crianças em situações vulneráveis, com o qual buscou o apoio da bancada social-democrata, que até o momento da votação não confirmou o voto unificado a favor de Von der Leyen. 

Agora, a nova presidente da Comissão Europeia enfrentará como principais assuntos o Brexit e as tensões comerciais, principalmente em relação ao governo dos Estados Unidos, do presidente Donald Trump.

Von der Leyen deixará o Ministério da Defesa da Alemanha na quarta-feira, 17, e assumirá o novo cargo em novembro. Sua indicação, feita no começo de julho após reuniões da cúpula em Bruxelas, foi feita junto com os nomes de Christine Lagarde, para a presidência do Banco Central Europeu (BCE), Josep Borrell, para assumir a Política Externa e Segurança da UE e Charles Michel, para a presidência do Conselho Europeu.

Nesta terça-feira, Lagarde renunciou do seu cargo de diretora geral do Fundo Monetário Internacional (FMI) para assumir o BCE em novembro. . / AFP e EFE