EUA miram 500 alvos em nova rodada de sanções à Rússia por morte de Navalni e guerra

Embargos atingem empresas e indivíduos que abastecem a produção militar e industrial da Rússia além de três servidores que estariam ligados à morte do opositor

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Por Redação

WASHINGTON - Os Estados Unidos impuseram novas e agressivas sanções, que atingem 500 alvos financeiros e militares na Rússia. A rodada anunciada nesta sexta-feira, 23, é uma resposta à morte do opositor Alexei Navalni na prisão e à guerra na Ucrânia, que completa dois anos neste sábado, 24.

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“Se Putin não pagar o preço pela morte e destruição, ele vai continuar”, disse o presidente americano Joe Biden ao anunciar as sanções. “E os custos para os Estados Unidos, junto com os aliados da Otan e os parceiros na Europa e no mundo, vão aumentar”, acrescentou.

O objetivo, afirmou, é restringir ainda mais as vendas de petróleo e gás da Rússia e reprimir o esforço do Kremlin para driblar os embargos, como tem feito até aqui.

Homenagem a Alexei Navalni em frente à Embaixada da Rússia em Washington, 23 de fevereiro de 2024.  Foto: EFE/EPA/SHAWN THEW

As sanções adicionais atingem 500 empresas e indivíduos que abastecem a produção militar e industrial da Rússia. Três funcionários do governo que estariam ligados à morte de Navalni também entraram na mira do Tesouro e os EUA alertam que esse é “só o começo”.

“Podem esperar mais da administração americana no que diz respeito à responsabilização do Kremlin pela morte de Navalni”, disse o porta-voz do Conselho de Segurança da Casa Branca, John Kirby.

As sanções atingem a Rússia no momento em que a Ucrânia enfrenta dificuldades no campo de batalha e a Casa Branca se vê de mãos atadas para liberar mais recursos. Os radicais republicanos são contra o pacote de US$ 60 bilhões para Kiev e a ajuda travou na Câmara depois da aprovação no Senado.

Alvos das sanções

Os embargos atacam a tecnologia considerada crítica para indústria bélica, como semicondutores, drones e sistemas de informação. A lista inclui empresas de 26 Estados e cidadãos de 11 países - incluindo China e Alemanha -, acusados pelos EUA de contribuir para a máquina de guerra russa.

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Os alvos fora da Rússia, diz Washington, são pessoas que “facilitem, orquestrem, participem ou apoiem de qualquer outro modo a transferência de tecnologia e equipamentos críticos à base militar-industrial russa”.

Os embargos também atingem o sistema russo de pagamentos Mir. Os cartões surgiram como uma alternativa após as primeiras rodadas de sanções, ainda em 2014, quando a Rússia anexou a Crimeia. É por meio desse sistema que os russos têm conseguido fazer pagamentos e sacar dinheiro em outros países, como Cuba, Venezuela e ex-repúblicas Soviéticas.

”Permitiu uma infraestrutura financeira para escapar das sanções e reconstruir laços rompidos no sistema financeiro internacional”, destacou o departamento do Tesouro em nota.

Efeito incerto

Com a nova rodada, passou de 4 mil o número de pessoas e organizações alvo de sanções dos EUA desde o início da guerra na Ucrânia.

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O Tesouro americano afirma que a receita russa com energia caiu cerca de 40% no ano passado, em grande parte, por causa das restrições. Ainda assim, Moscou faturou US$ 99 bilhões com petróleo e gás em 2023, de acordo com a S&P Global.

A Casa Branca sustenta que as sanções prejudicam a economia russa, mas que nunca foi realista esperar que isso, por si só, pudesse interromper os combates. Apesar do cerco, no entanto, o PIB da Rússia cresceu 3,6% em 2023 - mais que o americano - e esses recursos têm sido usado para acelerar a fabricação de armas e munições usadas na Ucrânia.

O economista da Eswar Prasad, da Universidade Cornell, afirma que esse novo esforço é importante e simbólico, mas deve ter efeito limitado para prejudicar a economia russa.

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“A balança entre infligir dor na economia russa e limitar as consequências para sua própria economia certamente impediu os Estados Unidos de apertar os parafusos na medida necessária”, disse Prasad. “A verdade soberana é que essas sanções não estão tendo o efeito substancial na Rússia que havia sido antecipado.”

Na mesma linha, Sergey Aleksashenko, ex-chefe do Banco Central russo exilado nos Estados Unidos, apontou que o custo econômico da guerra para Putin vai aumentar. “Mas não será um fator que mude os seus cálculos políticos”, ponderou./COM NY TIMES, W. POST E AFP

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