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De Beirute a Nova York

Regime e Oposição da Síria mataram Aleppo

Aleppo, centro econômico da Síria e com 26 séculos de vida, morreu neste sábado e se junta às 30 mil baixas da guerra civil. Pelo menos a Aleppo cosmopolita, dos seus suqs (mercados) intermináveis e da convivência pacífica entre as diferentes etnias e religiões. Uma Nova York de outra era.

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Por gustavochacra
Atualização:

Os assassinos de Aleppo são as tropas do regime e as milícias da oposição. Ambos são cúmplices na destruição de uma metrópole que é patrimônio universal da UNESCO. Com sua guerra, eles provocaram o incêndio de grande parte do milenar mercado da cidade.

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E não achem que Aleppo ressucitará rapidamente depois da queda de Bashar al Assad ou do fim da guerra civil. Não vai. Pensem nos cristãos armênios. São 80 mil e vivem na nesta metrópole desde o primeiro século depois de Cristo. Isso mesmo, desde o primeiro século depois de Cristo! Agora, grande parte está de malas prontas a caminho de Beirute. Simpatizantes do regime, eles temem os rebeldes radicais da oposição e especialmente o apoio que eles recebem da Turquia.

A tolerância também terminou. Depois de tantas mortes, Aleppo virará Beirute depois de um ainda distante cessar-fogo, com as comunidades se dividindo em bairros e cada vez mais sectárias no seu modo de pensar.

Mas não achem que Aleppo morreu apenas agora. A metrópole estava doente há décadas ou mesmo séculos. Vivia longe do seu apogeu como entreposto internacional da época da Rota da Seda. O maior golpe foi a abertura do Canal de Suez, no século 19, desviando para o maro comércio antes terrestre com a Ásia. Mais recentemente, sua proeminente comunidade judaica, talvez uma das mais bem sucedidas em todo o mundo, já havia sido forçada a se retirar.

Uma pena, mas acabou Aleppo.

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O jornalista Gustavo Chacra, correspondente do jornal "O Estado de S. Paulo" e do portal estadão.com.br em Nova York e nas Nações Unidas desde 2009, é mestre em Relações Internacionais pela Universidade Columbia. Já fez reportagens do Líbano, Israel, Síria, Cisjordânia, Faixa de Gaza, Jordânia, Egito, Turquia, Omã, Emirados Árabes, Iêmen e Chipre quando era correspondente do jornal no Oriente Médio. Participou da cobertura da Guerra de Gaza, Crise em Honduras, Crise Econômica nos EUA e na Argentina, Guerra no Líbano, Terremoto no Haiti e crescimento da Al-Qaeda no Iêmen. Também é comentarista do programa Em Pauta, na Globo News. No passado, trabalhou como correspondente da Folha em Buenos Aires. Este blog foi vencedor do Prêmio Estado de Jornalismo, empatado com o blogueiro Ariel Palacios

no twitter @gugachacra

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