Em crise diplomática por morte de religioso, Índia pede que Canadá retire 40 diplomatas de seu país

Relação entre os países vive momento de tensão devido ao assassinato do separatista Sikh na Colúmbia Britânica, em junho

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Por Redação

A Índia disse ao Canadá para remover 41 de seus 62 diplomatas no país nesta terça-feira, 3, intensificando um confronto entre os dois países sobre as acusações canadenses de que a Índia pode ter estado envolvida no assassinato de um líder separatista Sikh no subúrbio de Vancouver.

A informação foi confirmada por uma autoridade familiarizada com o assunto ao Financial Times, sob condição de anonimato. O Ministério das Relações Exteriores da Índia recusou-se a comentar, mas o porta-voz do ministério, Arindam Bagchi, já havia pedido uma redução no número de diplomatas canadenses na Índia, dizendo que eles superavam o número de funcionários da Índia no Canadá.

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O primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, disse no mês passado que havia “alegações credíveis” de envolvimento indiano no assassinato de Hardeep Singh Nijjar, um líder sikh de 45 anos que foi morto por homens armados mascarados em junho em Surrey, nos arredores de Vancouver. Durante anos, a Índia afirmou que Nijjar, um cidadão canadense nascido na Índia, tem ligações com o terrorismo, uma alegação que Nijjar negou.

Trudeau não confirmou o número de diplomatas que foram instruídos a partir, mas indicou que o Canadá não retaliaria. “Obviamente, estamos passando por um momento extremamente desafiador com a Índia neste momento, mas é por isso que é tão importante para nós ter diplomatas no terreno trabalhando com o governo indiano e lá para apoiar os canadenses e as famílias canadenses”, disse Trudeau. “Estamos levando isso muito a sério, mas continuaremos nos envolvendo de forma responsável e construtiva com o governo indiano.”

A Índia acusou durante anos o Canadá de dar muita liberdade aos separatistas Sikh, incluindo Nijjar. Após as tensões, o país asiático cancelou vistos para canadenses. A Índia também expulsou anteriormente um diplomata canadense sênior depois que o Canadá expulsou um diplomata indiano sênior.

Protesto no dia 25 de setembro no Canadá reuniu a comunidade Sikh em frente ao Consulado Geral da Índia, em Toronto. Foto: COLE BURSTON / AFP

A alegação do envolvimento da Índia no assassinato baseia-se em informações recolhidas pelo governo canadense, de acordo com Trudeau. Um funcionário do Canadá disse à Associated Press que as comunicações obtidas envolviam autoridades e diplomatas indianos no Canadá.

As últimas expulsões da Índia aumentaram as tensões entre os países. Trudeau teve encontros gelados com o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, durante a reunião do G-20 do mês passado em Nova Délhi e, alguns dias depois, o Canadá cancelou uma missão comercial à Índia planeada para o outono.

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“Esta é uma clara demonstração de força por parte do governo Modi, que não tem medo de agravar esta crise diplomática”, disse Daniel Béland, professor de ciências políticas na Universidade McGill, em Montreal. “É uma medida dramática que enfraquece seriamente a capacidade dos serviços diplomáticos do Canadá na Índia.”

Béland disse que isso prejudicará muitos cidadãos indianos, incluindo estudantes estrangeiros e trabalhadores temporários que precisam de visto canadense./Associated Press.

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