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Maduro prende dois assessores de Maria Corina e opositora denuncia repressão brutal

Favorita para enfrentar Maduro está proibida de ocupar cargos públicos na Venezuela por 15 anos

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Por Redação
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CARACAS - A líder opositora venezuelana María Corina Machado denunciou, nesta quarta-feira,20, o que chamou de repressão brutal das autoridades, depois que dois dos seus assessores próximos foram detidos. Ela própria também foi vinculada pela ditadura Nicolás Maduro a um suposto plano para desestabilizar as eleições - acusação relacionada a protestos planejados pela oposição - mas ainda não está claro se também será alvo de ações legais. Favorita nas pesquisas para enfrentar Maduro, ela foi impedida de concorrer e está proibida de ocupar cargos públicos por 15 anos.

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“O regime de [Nicolás] Maduro desata [uma] repressão brutal contra minha equipe de campanha [...] Estas ações covardes pretendem fechar o caminho da Venezuela para a mudança e a liberdade em paz e democracia”, escreveu Machado no X (antigo Twitter).

Os assessores e a própria María Corina Machado foram vinculados pelas autoridades ao que regime chamou de “ações desestabilizadoras” antes da eleição, marcada para 28 de julho (data do aniversário de Hugo Chávez). A acusação está relacionada aos protestos contra o impedimento da líder opositora.

As prisões de Henry Alviárez e Dignora Hernández, líderes nacionais da organização política de María Corina (Vente Venezuela), foram confirmadas pelo procurador William Saab. Ele não informou, contudo, se a própria líder opositora será alvo de medidas judiciais.

O regime denuncia com frequência supostas conspirações e Maduro tem chamado María Corina de “dona violência”. Sem mencioná-la expressamente, Saab insinuou que a opositora seria a autora intelectual do alegado plano.

“A missão do plano era desestabilizar o país, aglomerar as massas usando sindicatos e estudantes em prol de uma rebelião”, disse o procurador.

Líder opositora Maria Corina Machado chega para entrevista coletiva em Catacas.  Foto: Leonardo Fernandez Viloria/ REUTERS

Mais cedo, a organização de Maria Corina Machado alertou que agentes do serviço de inteligência da Venezuela estavam nos arredores da sede do Vente. Vídeos divulgados por líderes políticos da oposição mostram o momento da prisão de Hernández, que gritava por socorro enquanto lutava com policiais que o obrigaram a entrar em uma caminhonete.

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Nos últimos dias, sete colaboradores da opositora foram presos e o Ministério Público emitiu outros sete mandados de prisão, segundo Saab. Um deles tem como alvo Magalli Meda, braço direito e possível candidata alternativa à María Corina Machado no campo da oposição. O período para as inscrições das candidaturas começa nesta quinta-feira e vai até a próxima segunda.

“Mais uma vez, quem pretende a qualquer custo se perpetuar no poder investe contra os que se opõem”, publicou no X o opositor Henrique Capriles, duas vezes candidato à Presidência, inabilitado assim como Machado.

Nas redes sociais, o chefe da diplomacia americana para a América Latina, Brian Nichols, também condenou as prisões e ordens de prisão, que chamou de arbitrárias.

“Os ataques crescentes de Maduro à sociedade civil e aos atores políticos são totalmente inconsistentes com os compromissos do Acordo de Barbados, mas não irão sufocar as aspirações democráticas do povo venezuelano. Apelamos à libertação imediata destes indivíduos e de todos os detidos injustamente”, escreveu.

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Os Acordos de Barbado referem-se ao compromisso assumido por Nicolás Maduro de garantir eleições livres e justas em troca pelo relaxamento das sanções americanas. Apesar das promessas, contudo, o regime tem fechado o cerco contra oposição antes das eleições, o que levou o Washington a retomar parte dos embargos.

Assim como os EUA, a Europa também pressiona para que o impedimento de Corina Machado seja suspenso. Após vencer as primárias da oposição com mais de 90% dos votos ela teve a inelegibilidade confirmada pela Suprema Corte da Venezuela por acusações de corrupção envolvendo o período em que Juan Guaidó foi reconhecido por EUA, Brasil e dezenas de países como presidente da Venezuela após reeleição contestada de Maduro. Ela nega./AFP

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