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Lula diz que Zelenski não foi a encontro e que proposta de paz da Ucrânia é ‘rendição da Rússia’

Presidente deu entrevista após o G-7 e voltou a defender proposta de formar ‘clube’ de países mediadores para negociar fim da guerra.

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Por Eduardo Gayer
Atualização:

ENVIADO ESPECIAL A HIROSHIMA - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou que foi o da Ucrânia, Volodmir Zelenski, quem “não apareceu” no encontro negociado entre as duas partes às margens do G-7 em Hiroshima, Japão. De acordo com o petista, ele aguardou Zelenski em seu hotel, mas a equipe do ucraniano alegou que ele estava atrasado. “Simplesmente foi isso que aconteceu”, disse.

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“Se ele teve um encontro mais importante, eu não sei. O dado concreto é que estava marcado neste salão às 15h15″, declarou Lula sobre Zelenski, que já retornou à Ucrânia. O presidente encerrou sua passagem pelo G-7 e embarcou de volta para o Brasil. “Não estava prevista a vinda do Zelenski foi uma surpresa”.

De acordo com o petista, ele aguardou Zelenski em seu hotel, mas a equipe do ucraniano alegou atraso e depois voltou a Kiev. Em coletiva de imprensa, Lula criticou Zelenski por supostamente não querer negociar a paz neste momento, mas a “rendição da Rússia”, o que ele não vê como possível. “Não espero que tenha gente que aceite outra vez a Guerra Fria”

Houve uma nova condenação da invasão territorial da Ucrânia pela Rússia por parte do presidente, em linha com a posição do Brasil na ONU.

Presidente Lula (canto direito) participa de painel no G-7 com o presidente da Ucrânia, Volodmir Zelenski (canto esquerdo): encontro inviabilizado por 'agendas incompatíveis'  Foto: Ricardo Stuckert/PR

“Estou pronto para ir à Rússia, para ir à Ucrânia, para ir ao fim do mundo para discutir o fim dessa guerra. Agora não, porque eles não querem’, avaliou. ‘Paz só é possível se os dois quiserem’, acrescentou. “Não é possível discutir em guerra, queremos que primeiro parem os ataques”.

Lula disse ter ficado “chateado” com o desencontro, e não decepcionado como disse Zelenski sobre ele, mas que a reunião pode acontecer em outro momento. “Zelensky é maior de idade, ele sabe o que faz. Se não deu certo nessa oportunidade, vai dar certo em outra”, seguiu. “Gostaria de encontrar com ele e discutir. Rússia e Ucrânia em algum momento vão saber que é preciso negociar”.

A jornalistas, Lula voltou a destacar que tenta construir um bloco de negociação com países como Índia, China e Indonésia. “Somos um grupo de países do sul que querem encontrar a paz que o norte não está conseguindo fazer”. O premiê da Índia, Narendra Modi, conseguiu se encontrar com Zelenski no G7.

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Lula criticou ainda o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, por sua postura na guerra e voltou a dizer que é preciso ter um mediador neutro para negociar a paz. “O discurso do Biden de ir para cima de Putin (o presidente russo, Vladimir Putin) até ele se render. Esse discurso, para mim, não ajuda. Vamos esfriar a cabeça e começar a conversar. isso leva tempo”, defendeu, com alertas para a chance de uma intensificação do conflito.

De acordo com o presidente, ele “não viu” Zelenski chegar ao painel do G-7 porque estava concentrado em suas anotações e, por isso, não o cumprimentou de pé como outros líderes. Ainda assim, sinalizou a possibilidade de um encontro com ele no futuro. “Eu me encontro com Putin também, se for preciso. Quem quer a paz precisa conversar com todos”.

Lula negou que esteja “brigando” para ser mediador da paz. “Mediador tem que ser alguém que os dois lados concordem”. Em defesa de possivelmente antecipar a Assembleia-geral da ONU e convidar Putin e Zelenski para a cúpula, Lula também voltou a defender que a paz seja discutida em um reformado Conselho de Segurança da ONU, e não no G7 ou no G20. Ele disse ter vindo ao Japão discutir economia e mudanças climáticas, embora saia otimista do encontro após as reuniões bilaterais.

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