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Marcha em Washington, nos EUA, relembra discurso histórico de Luther King 60 anos depois

Manifestação contra o racismo teve série de discursos de ativistas e políticos na escadaria do Memorial Abraham Lincoln

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Por Redação
Atualização:

Milhares de pessoas marcharam contra o racismo no sábado, 26, na capital dos Estados Unidos, para lembrar os 60 anos da histórica Marcha sobre Washington, na qual o reverendo Martin Luther King Jr. pronunciou seu aclamado discurso I have a dream (“Eu tenho um sonho”).

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Seis décadas depois, o movimento pelos direitos civis nos Estados Unidos continua em vigor diante dos sucessivos casos de brutalidade policial contra afro-americanos e das tentativas dos conservadores de minar a participação eleitoral da população negra.

A manifestação começou com uma série de discursos de ativistas e políticos na escadaria do Memorial Abraham Lincoln, mesmo local onde Luther King proferiu suas palavras em 28 de agosto de 1963, antes de percorrer parte da capital americana.

Reverendo Al Sharpton, segundo da direita para a esquerda, se junta com a família de Luther King para "continuar com o sonho" Foto: AP Photo/Jacquelyn Martin

A concentração foi conduzida pela família de Luther King. Seu filho mais velho, Martin Luther King III, disse à multidão que estava “muito preocupado” com o fato de os Estados Unidos estarem “retrocedendo em vez de avançar”.

“Temos que defender o direito ao voto para todos. Temos que garantir que as nossas mulheres e crianças sejam tratadas de forma igual. Temos que acabar com a violência armada. Só então poderemos dizer um dia que somos uma grande nação”, afirmou.

O protesto deste sábado foi convocado pela organização de direitos civis National Action Network (NAN) não para “comemorar” o 60º aniversário da famosa marcha, mas para “continuar buscando o sonho” de Luther King.

História e importância da Marcha

A Marcha de 1963 em Washington por Trabalho e Liberdade, liderada por Luther King (1929-1968), é considerada uma das manifestações mais significativas da história americana e um marco na luta pela justiça racial.

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O protesto, com a participação de 250 mil pessoas, impulsionou o Congresso a aprovar a Lei dos Direitos Civis em 1964, que proibia a segregação racial, bem como a Lei do Direito ao Voto de 1965, que eliminou obstáculos ao voto dos afro-americanos.

Aos 17 anos, Sharon Smith participou daquela manifestação com outros colegas de escola e hoje, aos 76 anos, não quis perder o 60º aniversário.

“Aquele dia foi incrível, havia muita gente. Todos estavam lá por uma razão: queríamos ver uma mudança nos Estados Unidos. Houve algumas mudanças, mas não tudo o que precisávamos”, declarou a animada moradora do Kentucky à Agência Efe.

Milhares se juntaram para celebrar o discurso histórico de Luther King Foto: AP Photo/Andrew Harnik

Vestindo uma camiseta de Luther King, Smith acrescentou que “ainda há muito trabalho a ser feito” e pediu que os policiais sejam “educados e recapacitados”.

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Da mesma forma, alertou para os riscos que ameaçam a democracia, como o que, em sua opinião, representa o ex-presidente Donald Trump, que tentou “reverter” as eleições que perdeu em 2020.

Hamitlon Brooks, um afro-americano de 24 anos da Virgínia, também opinou que “a ameaça à democracia é muito real”, já que vários estados estão “aprovando leis racistas contra os negros com a intenção de impedi-los de votar”.

“Embora os Estados Unidos sejam uma democracia, isso não significa que não haja espaço para melhorias. Muitas pessoas estão sendo silenciadas”, disse à Efe Brooks, membro da organização juvenil Generation Vote.

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O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e a vice-presidente, Kamala Harris, a primeira mulher afro-americana no cargo, se reunirão na segunda-feira com a família de Luther King para comemorar o aniversário do “Eu tenho um sonho”.

“Eu tenho um sonho que um dia os meus quatro filhos vivam em uma nação onde não sejam julgados pela cor da sua pele, mas pelo seu caráter”, disse o reverendo naquele dia.

Luther King, ganhador do Prêmio Nobel da Paz, foi assassinado em 14 de abril de 1968 por um supremacista branco em Memphis. /Efe

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