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Mísseis do comandante das forças russas são os demolidores das cidades da Ucrânia; leia cenário de Roberto Godoy

O Kalibr, usado pelos russos na Ucrânia, pode percorrer 2 mil km levando 700 quilos de explosivos

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Foto do author Roberto Godoy
Atualização:

Os mísseis do general Aleksandr Dvornikov podem muito. São eles os demolidores das cidades da Ucrânia. Podem extirpar prédios de dez andares e exibir as entranhas da destruição – pedaços de móveis, restos de roupas, livros carbonizados vistos pelo vazio deixado depois da onda de choque da explosão.

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Armas de aproximação quase furtiva, de baixo nível de ruído, podem incendiar refinarias, arrasar bases militares e centrais de distribuição de energia. Os mísseis do general podem percorrer 2 mil km levando 700 quilos de explosivos. Se erram, é por pouco, coisa de três metros em relação à coordenada pretendida. Não faz diferença.

Kalibr, o míssil de cruzeiro mais usado pela Rússia na Ucrânia, é um guerreiro testado em combate. Em um dia de 2015, foram 36 deles disparados por fragatas e corvetas da Marinha russa, que voaram sobre Alepo e Raqqa, a 1,3 mil km de distância, centros dominados pelo Estado Islâmico. As duas cidades foram destruídas.

A versão do Kalibr usada na Ucrânia é a 3M-14T, a mais nova da série produzida ao longo de 28 anos pelo Novatur Bureau. É mais longa, mede 6,5 metros e pesa 1.500 kg. Pode ser lançada por navios, submarinos, caças e por carretas de blindagem leve. O custo estimado bate nos US$ 900 mil.

O general Dvornikov, comandante das forças russas, tem 60 anos e é especialista em artilharia de mísseis e foguetes. Segundo os serviços de inteligência britânicos, o Kalibr 3M-14T, é uma escolha direta dele. Há uma razão para isso.

O modelo tem um recurso para expandir sua capacidade. Lançado quase sempre pelas modernas fragatas da classe Goshkov ancoradas na Crimeia, o Kalibr faz um voo subsônico, na faixa dos 900 km/h, até “travar” o sistema de direcionamento no objetivo programado -- o quinto pavimento de um predio de 10 andares ou o reservatório de gasolina de um polo de refino.

Neste momento, entra em ação uma turbina auxiliar que acelera o míssil, na reta final até uma velocidade supersônica, impedindo que a defesa antiaérea tenha tempo de reagir.

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Dvornikov tem empregado também os pesados mísseis balísticos Iskander-M, transportados por carretas lançadoras, para alcançar alvos no limite entre 500 km e 650 km utilizando ogivas de meia tonelada. No arsenal dos ataques das últimas três semanas entraram pela primeira vez em larga escala as bombas inteligentes KAB-500L, de 500 quilos, capazes de fazer voo planado por 40 km até a detonação.

Predio atingido por bombas russas em Mariupol  Foto: Alexander Ermochenko/Reuters
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