Multidão protesta contra Kirchner

Manifestação reúne 10 mil pessoas em Santa Cruz, ?feudo? do presidente

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Por Ariel Palacios e Buenos Aires
Atualização:

Dez mil pessoas protestaram ontem contra o governo do presidente Néstor Kirchner em Río Gallegos, capital da Província de Santa Cruz. Sindicatos, partidos de oposição, câmaras empresariais e líderes religiosos criticaram o que dizem ser um autoritarismo de Kirchner, que desde 1991 estaria controlando a província como um feudo. A manifestação foi convocada em repúdio a um incidente protagonizado por Daniel Varizat, ex-subsecretário-geral da presidência e homem de confiança de Kirchner. Na sexta-feira, ele atropelou 17 pessoas que protestavam contra o presidente e a primeira-dama, Cristina Kirchner. No momento do atropelamento, a apenas quatro quarteirões dali, Cristina realizava um comício pedindo o apoio de Santa Cruz a sua candidatura às eleições presidenciais de outubro. Dos 17 feridos, ao menos uma - Marta Guillermaz - ainda está em coma na UTI. Outros cinco manifestantes permanecem internados, mas estão fora de perigo. Os advogados dos manifestantes querem que Varizat seja processado por tentativa de homicídio. O incidente tornou-se uma nova dor de cabeça para Kirchner, que desde o lançamento da candidatura da primeira-dama, há quase dois meses, viu diversos integrantes do alto escalão de seu governo serem alvos de denúncias de corrupção. Apesar da gravidade do episódio, o presidente manteve silêncio sobre o assunto. FEUDO DE KIRCHNER Embora Río Gallegos seja pequena - tem apenas 80 mil habitantes - a manifestação de ontem, que reuniu mais de 10% da população, possui um alto valor simbólico, já que foi nessa cidade que Kirchner começou sua carreira política. O presidente também é acusado de dominar a Justiça e os meios de comunicação da cidade e de outras localidades de Santa Cruz. Diversos sindicatos, liderados pelo de professores, concordaram em permanecer em greve até sexta-feira. A segunda central sindical do país, a Central dos Trabalhadores Argentinos (CTA), convocou para amanhã uma "mobilização nacional" contra o governo.

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