Oito meses após a morte do promotor Alberto Nisman, encontrado com um tiro na cabeça em janeiro, peritos argentinos dispararam em uma simulação a arma de onde saiu a bala e concluíram que quem puxou o gatilho deve ter ficado com traços de pólvora nas mãos. Os primeiros especialistas a estudar o cadáver concluíram que não havia sinais de pólvora em Nisman.
Na época, defensores da tese de suicídio argumentaram que uma arma de calibre 22 nem sempre deixa tais sinais. A nova perícia indica o contrário.

O Centro de Investigação de Salta, no norte da Argentina, reconstruiu ambientes semelhantes ao banheiro em que Nisman estava, em seu apartamento em Buenos Aires, ao acionar a arma.
O resultado foi enviado à promotora responsável pela apuração, Viviana Fein. O teste reacendeu a disputa entre a investigação oficial, cujas conclusões sugerem suicídio, e o grupo de especialistas contratado pela família de Nisman, que assegura ter ocorrido um homicídio.
Após meses de silêncio sobre o caso, Fein afirmou ontem que o exame não pode ser analisado de forma isolada. “Não podemos dizer com essa perícia que ele se suicidou ou foi morto”, disse a promotora à rádio La Red. Ela afirmou que sua conclusão sobre o caso não sairá antes de 25 de outubro, quando o país escolhe o sucessor da presidente Cristina Kirchner.
A ex-mulher de Nisman, a juíza Sandra Arroyo Salgado, afirmou à rádio Mitre que se trata de “uma prova conclusiva”. “Segundo me informaram depois da morte de Nisman, esse tipo de arma deixa rastros em 100% dos casos.”
Nisman investigava o atentado contra a Associação Mutual Israelita-Argentina (Amia), em 1994. Seu corpo foi encontrado quatro dias depois de acusar a presidente de proteger iranianos considerados culpados pela Justiça, em troca de acordos comerciais com Teerã.
Cristina chegou a ser indiciada com integrantes da cúpula kirchnerista em fevereiro, mas a denúncia de Nisman foi arquivada em maio.